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Encontraços é protagonizado por mulheres negras

Criado: Quarta, 22 de Novembro de 2017, 09h07 | Publicado: Quarta, 22 de Novembro de 2017, 09h07 | Última atualização em Quarta, 22 de Novembro de 2017, 09h10 | Acessos: 905

Na quarta edição do Encontraços, sexta (17/11), no Espaço Território Criativo, “Preta”, com P maiúsculo, foi a palavra da vez. Porque Pretas foram nossas protagonistas, algumas de nossas Mulheres Negras empreendedoras no Distrito Federal. Cinco mulheres falaram, essas cinco mulheres foram ouvidas, cinco mulheres tiveram sua vez, cinco mulheres dentre tantas outras que apoiaram o evento, estavam ali diante do público mostrando sua voz, para falarem de onde vieram , onde estão e para onde vão. Porque, como disse uma delas, Ialê Garcia, “Invisibilidade dói. O racismo no Brasil é cruel”. O evento foi uma parceria entre o 2º Módulo do Curso Técnico em Eventos do Instituto Federal de Brasília - IFB/ Campus Brasília, o Território Criativo e a Revista Traços e reuniu cerca de 45 pessoas sob o tema “Mulheres e seus Traços”.

“Por isso que eu falo, preta, por isso eu não me calo, preta, y por isso eu quero ouvir tua voz. Que quando você FALA, PRETA, tua PALAVRA PRETA alimenta também a minha palavra, preta.” Abrindo a noite com o poema de Tatiana Nascimento, e mediadas pela estudante Ana Luiza Rodrigues, nossas convidadas se apresentaram e responderam a pergunta de como e quais foram as estratégias de enfrentamento não só ao racismo, mas tudo aquilo que impacta no ser mulher preta.

Priscila, porta-voz da cultura, já deu água morna para seu filho, para saciar a fome. Dois anos na Traços e ela diz que a revista foi uma mãe que a ensinou a ser a mulher que é hoje, que a fez se superar como mulher. Seja na revista ou fora dela, Priscila diz que o segredo é ter esperança. “Sempre esperança que o amanhã vai ser melhor que hoje”, conclui.  Para Dalva, gestora do Espaço Território Criativo, não basta só o mercado cultural agir, pra ela política entra em todas as formas. Porque “O racismo induz e compromete”. Gil Tobias, aluna do Curso de Eventos e chef de cozinha, questionada por  viajar bastante, por ser negra , por ser casada com um homem branco francês e ter morado fora do país, se ela já alguma vez foi tratada de forma diferente, resumiu: “Cara, quando eu reparar eu te aviso”.

Ialê Garcia, dona de grande bagagem cultural compartilhou sua trajetória de intercâmbios onde discutia estética e moda afro. Deu palestras sobre o afro brasileiro, empreendedoras negras, fortalecimentos de redes e oficinas de turbantes. Sua família foi sua base, rica culturalmente e empoderada. Sua marca, Yalodê, moda étnica, significa a mulher que retém o poder na cidade, poder múltiplo, se empoderar, além ser sua religião. Para Ialê, “quando se trabalha com empreendedorismo você tem que estar sempre se desafiando. Para empreender tem que ser positivo, acreditar no que faz. Trabalho por acreditar e por amor pela minha ancestralidade.”

E, em uma cultura onde mais de 70% dos escritores são homens e mais de 80% da literatura que é vendida é branca, nasceu a Padê, editora de livros artesanais que publica pessoas LGBT e escritoras negras, fundada por Tatiana Nascimento, uma das convidadas. Tatiana ama livros, ama ler, sua mãe trabalhou em uma biblioteca  os livros sempre foram sua vida. Criar uma editora que dê visibilidade para tod@s, em uma sociedade, em um mercado que não vê mulheres negras lésbicas como produtoras culturais, que só as enxerga como estatística, foi a inspiração para enfrentar uma máquina histórica.

“Três tiros contra cinco corpos/ Eu sei ser trovão/ Que eu já fui trovão/ Nada disso me desfez”, Tatiana tomou conta do sarau que encerrou o evento, poesia na voz e violão, por Daniela Vieira, e convidando o público a participar. Teve rap da Priscila, ‘sou uma mulher negra por isso eu resisto’ e Béa cantou suas músicas para encerrar nossa noite com versos tocantes. O último Encontraços do ano será no dia 5 de dezembro, no IFB.

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