Sernegra é aberta com Raça
Numa tela de 88,2 m², o público presente no Cine Brasília na noite deste domingo, 17, acompanhou a história de três pessoas na linha de frente da batalha contemporânea pela igualdade. Durante 1h45 de exibição, o documentário “Raça – um filme sobre a igualdade” mostrou a verdadeira realidade de um país que se orgulha de ser exemplo de democracia racial. A exibição do documentário, na sala de cinema mais tradicional da capital federal, marcou a abertura da II Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça (Sernegra) do Instituto Federal de Brasília (IFB).
A abertura contou com uma presença especial: Joel Zito Araújo, um dos diretores da produção, junto com Megan Mylan. Para o professor do Campus Brasília e um dos organizadores da Sernegra, Glauco Feijó, o evento foi abrilhantado com a presença do cineasta, que é o maior nome do cinema negro brasileiro na atualidade.
“Quando a gente começou a pensar o evento, tomamos conhecimento do filme, que estava sendo lançado. O fato de ser do Joel Zito já nos chamou muita atenção, pois o documentário marca esse momento de reflexão que estamos vivendo nas relações no Brasil a partir de décadas e lutas do movimento negro”, explica Glauco.
Após a exibição do filme, o diretor subiu ao palco, respondeu dúvidas sobre o documentário e interagiu com o público, que ultrapassou a marca de 230 pessoas. Joel falou da alegria de participar da Sernegra.
“Estou feliz pelo filme ser escolhido para fazer a abertura da semana, pois o meu desejo é que o filme seja um instrumento de debate sobre a necessidade de desenvolver uma política afirmativa de superação da desigualdade racial no Brasil”, avalia.
O filme
O filme transcorre sobre a história de três pessoas na linha de frente da batalha pela igualdade. A primeira mostra o esforço do senador Paulo Paim para sancionar a lei do “Estatuto da Igualdade Racial” no Congresso Nacional, em Brasília, autor do projeto original que demorou quase uma década para ser aprovado.
O documentário também apresenta a luta de Miúda dos Santos – neta de africanos escravizados e ativista quilombola – pela posse das terras e pelo respeito às suas tradições ancestrais da Comunidade Quilombola de Linharinho, no Espírito Santo.
E Netinho de Paula e os bastidores da trajetória do cantor, apresentador e empresário durante todo o processo de criação e tentativa de consolidar o seu canal TV da Gente, formado majoritariamente por profissionais negros.
A abertura
Antes do filme ser exibido, aconteceu uma breve cerimônia para marcar oficialmente a abertura da Semana. Subiram ao palco o reitor do IFB, Wilson Conciani, o diretor-geral do Campus Brasília, Gustavo Filice, e o cineasta e curador do Cine Brasília, Sérgio Moricon.
“Além das autoridades representadas, o evento recebeu grandes lideranças do movimento negro, não só de Brasília, mas também de outros estados”, orgulha Glauco.
O cineasta Joel parabenizou os organizadores pela iniciativa do evento.
“Quero dar os parabéns ao IFB por fazer essa semana com a qualidade que eu vi que terão nos debates, porque isso é necessário. É exatamente por a gente não ter discutido a questão racial ao longo dos últimos séculos, depois do fim da escravidão, é que persiste tanta desigualdade no Brasil; então essa semana é fundamental”, finaliza.
A Sernegra continua até a próxima quarta-feira, 20. O evento é gratuito e aberto ao público.
Acesse aqui a programação completa da Semana.
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