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Banheiro se transforma em espaço educativo no Campus Ceilândia

Criado: Quarta, 14 de Março de 2018, 10h05 | Publicado: Quarta, 14 de Março de 2018, 10h05 | Última atualização em Quarta, 14 de Março de 2018, 15h05 | Acessos: 2124

Professores do Campus Ceilândia do Instituto Federal de Brasília (IFB) iniciaram o semestre recebendo sua primeira turma do Ensino Médio Integrado ao Técnico em Eletrônica. E logo de início o professor Pablo Batista, que ensina Física em Ciências da Natureza, observou uma grande inquietude entre os alunos. Eram pedidos para sair da sala de aula, seja para tomar água ou ir ao banheiro, a todo o momento.

A característica seria dos adolescentes – a maioria entre 14 e 16 anos – e o estranhamento sobre a nova modalidade escolar? O que fazer?  Seria possível fazer do banheiro um lugar de aprendizagem? "A pergunta muda um pouco o foco do problema, ou seja, agora poderíamos fazer de um problema uma possibilidade de aprendizagem”, explicou. 

Resposta-pergunta

A resposta-pergunta é algo que poderia soar estranho em um primeiro olhar, porém, após algumas conversas com outros educadores, o professor Pablo Diniz pensou em uma dinâmica com conexões criativas com outras disciplinas como Química, Biologia e Filosofia. Com esta proposta preparou uma dinâmica diferente para oferecer uma aula inusitada aos alunos.

"Durante o final de semana realizei pesquisa e preparei alguns experimentos de Física a partir de materiais recicláveis que pudessem apresentar alguns fenômenos relacionados à Eletricidade Estática. Fenômenos de repulsão, atração, blindagem do campo elétrico, carga elétrica, balança de torção etc”, contou.  Foram usadas garrafas de plástico, lata de refrigerante, madeira, isopor e outros materiais.

Para ilustrar o cenário, ele usou ainda fotos de pichações e grafites que estão atualmente espalhadas pela Cidade para agregar uma visão artística ao ambiente. "Nesse caso, percorri algumas ruas de bicicleta durante o final de semana enquanto escolhia os desenhos que poderiam fazer relações com a aprendizagem. Basicamente, a ideia era que esse material impresso fosse utilizado para atiçar a curiosidade e causar um primeiro espanto dos estudantes. O espanto é um primeiro passo para a investigação e para o conhecimento", explicou com detalhes.

Também foram impressos textos relacionados ao conteúdo de eletricidade que estivesse vinculada à experiência cotidiana dos alunos e, escolhidas algumas matérias jornalísticas apresentando questões curiosas, como por exemplo, “Como é o banheiro no espaço?”, pergunta que traz uma relação com a Lei da Gravidade.

Dinâmica da sala de aula no banheiro

A instalação foi montada no primeiro horário com a ajuda de vários servidores da instituição e o apoio da direção - a ideia era surpreender a todos. Para a prática foi escolhido o banheiro masculino, por ter um espaço físico maior. Então, no segundo horário, o professor perguntou aos estudantes quem gostaria de ir ao banheiro. Como esperado, todos levantaram a mão para expressar o desejo de sair da sala de aula. Aos poucos, os alunos foram sendo liberados e, na medida que não retornavam à sala, os estudantes ainda em aula eram convidados a buscar os colegas de turma . "Quando restou perto de dez estudantes, anunciei na sala de aula que a aula seria no banheiro, pois todos foram para lá e não voltaram.  Os alunos que estavam em sala de aula ficaram confusos sem acreditar que a aula havia sido transferida para lá", contou em detalhes.

Na porta  foi colocada uma foto com a frase “De sinal de vida”, cobrindo a informação de banheiros masculinos e femininos, em alusão a conhecida campanha da faixa de pedestre na cidade. A partir daí, os alunos tiveram acesso a instalação com fotos, perguntas e experimentos.  A inusitada aula ntambém contou com a leitura do poema "Elogio do Aprendizado", de Bertolt Brecht.  A ideia é que o banheiro também pudesse ser um lugar de criação, de pensamento, de aprendizagem, de problematização. Por exemplo, por que a água que usamos para dar descarga é a mesma que usamos para tomar banho? Essa questão foi colocada pelo professor de Filosofia enquanto conversávamos durante o almoço antes da instalação, temática que será agora aborda com os estudantes nos próximos dias em virtude do Fórum Mundial da Água. 

Resultados imediatos

A surpresa em cada rosto foi surpreendente, alguns meios desconfiados sem entender o que realmente estava acontecendo. Quarenta alunos participaram da atividade e, foi possível observar sorrisos a partir da fascinação do que foi realizado. Entre um dos objetivos atingidos foi o de tirar o aluno de sua zona de conforto. Em geral, todos ficam sentados em uma sala de aula, climatizada, com os olhos em direção ao professor e, ouvidos atentos a respostas, muitas vezes, não elaboradas pelos alunos. Além disso, se pretendeu estreitar a relação entre professores e alunos, de maneira que o professor possa se aproximar da turma e identificar o papel da escola na aprendizagem.

Para a turma foi permitido vivenciar um tempo no presente, no agora, sem pensar no passado ou se perder no futuro. Em outras palavras, naquele ambiente, todos estavam totalmente envolvidos com a instalação. Com isso, a instalação ofereceu um intervalo de experiência sobre o tempo, matéria abordada pela disciplina de Física. Após a visita a instalação foi possível ao retornar à sala de aula fluir com os conteúdos.  Por exemplo, foi iniciada uma discussão sobre os experimentos. Para isso, foi apresentada na aula vídeos com o funcionamento dos experimentos durante o percurso no banheiro.

 

 

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