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Carta à comunidade do Campus Ceilândia

Criado: Terça, 07 de Abril de 2020, 15h54 | Publicado: Terça, 07 de Abril de 2020, 15h54 | Última atualização em Terça, 07 de Abril de 2020, 15h54 | Acessos: 808

"Estamos todos impactados pelos últimos acontecimentos relacionados à pandemia de COVID-19. E a sensação de desamparo logo se alastra, como a pergunta que não quer calar: e agora?

Pensando sobre isso, proponho uma reflexão que pode nos auxiliar a situar os últimos acontecimentos, sob a perspectiva de que estamos atravessando um período de crise. Talvez auxilie se pensarmos, com Lacan, nas categorias daquilo a que chama de tempo lógico.

O tempo, quando tomado pela perspectiva lógica, pode ser analisado da seguinte forma. Existe um instante de ver – esse momento inicial, de forte impacto, para o qual não temos nenhuma hipótese ou explicação prévia. Sim, nos deparamos com uma pandemia cuja principal medida de proteção é o distanciamento social. A partir disso, além do impacto do medo de adoecer, precisamos lidar - de uma hora para a outra – com a suspensão de nossos afazeres e contatos com amigos e familiares queridos. É um instante de ruptura, para o qual não estávamos preparados!

E esse instante se transforma, pelo correr do tempo cronológico, no tempo para compreender – momento em que se tenta elaborar o que está em jogo, momento em que as informações (relevantes e na justa medida, claro!) oferecem muitos elementos para tentarmos nos organizar diante do  impacto sofrido. É um momento propício para a análise da situação, para teorizações, para posicionamentos, enfim, para criações de possíveis manejos do contexto que se apresentou. E isso durará até que se possa alcançar o momento de concluir, que poderá ou não coincidir com o fim cronológico da crise e das medidas de contenção, a depender da forma com que cada um pôde atravessar a situação que se impôs.

Neste sentido, é muito importante que não se tente “resolver”, de forma precipitada, aquilo que ainda não se findou. É necessário aceitar que estamos em plena travessia...e temos tempo suficiente para isso!

Por fim, gostaria de lembrá-los de que o distanciamento físico não implica distanciamento emocional. Que neste tempo para compreender possamos nos aproximar uns dos outros, ainda mais do que vínhamos fazendo antes da ruptura.

Um abraço acolhedor a todos!

 

Raquel Ghetti, psicóloga do Campus Ceilândia

E-mail para contato: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo."

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