Alunos do IFB utilizaram (e ainda utilizam) as tecnologias para quebra do isolamento
Nesta sexta-feira, 1º de outubro, é celebrado o dia Internacional do Idoso. A data foi instituída em 1991, por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de sensibilizar a sociedade mundial para as questões do envelhecimento, destacando a necessidade de proteção e de cuidados para essa população.
E, desde 2012, o IFB Campus Ceilândia oferta cursos específicos para essa faixa etária, com o projeto de Inclusão Digital para a 3ª idade. Além das noções e conceitos de informática aprendidos no curso, o convívio com colegas da mesma idade, as novas amizades construídas e as visitas técnicas e passeios por pontos turísticos da cidade faziam da rotina escolar um momento especial para esses estudantes.
Mas, o dia a dia do curso (assim como o do restante do mundo) foi afetado em março de 2020, quando as atividades presenciais foram interrompidas em decorrência da pandemia da covid-19. Em agosto do mesmo ano, após consulta aos alunos e com o isolamento social extremamente rígido para esse público, o retorno aconteceu na modalidade remota, até como uma forma de minimizar os efeitos negativos, principalmente psicológicos, do isolamento.
No final do mês de julho deste ano, teve início a terceira turma diretamente afetada pela pandemia da covid-19. Atualmente, o curso está sendo ofertado em dois grupos de modos diferentes: um na modalidade remota (em que as aulas acontecem ao vivo, com a presença do professor na sala de aula virtual) e outro na modalidade a distância (com aulas gravadas). Para essas turmas, o curso tem previsão de término na segunda quinzena de novembro de 2021.
Seu Cardoso, de 72 anos, e dona Creonice, de 65, fazem parte dessa turma, mas estão longe de ser novos estudantes do Instituto Federal de Brasília. Esse já é o terceiro curso do projeto de Inclusão Digital para a 3.ª idade do IFB Campus Ceilândia que o casal frequenta.
“Depois que comecei a fazer esse curso, não me vejo mais naquela pessoa que eu era no passado. Eu sinto que estou aprendendo a conviver no presente. Mesmo com as minhas limitações, eu tenho oportunidade de participar desse novo mundo, repleto de tecnologias, através dessa porta que o IFB abriu para nós, os idosos”, conta seu Cardoso.
O estudante faz questão de destacar, também, que a dedicação dos profissionais do IFB que atuam no curso acaba se transformando em valorização pessoal.
“Nós nos sentimos muito valorizados, pois vemos que pessoas capacitadas e mais jovens estão tão interessadas em nos ajudar. A gente vê isso nos nossos professores. A dedicação e o amor com que somos tratados mostra que o mundo está mudando. Pois o mundo só será melhor com mais amor de uns pelos outros”, destaca.
Alegria renovada
O coordenador do grupo IFB60+, professor do IFB Campus Ceilândia Jocênio Epaminondas, conta que foi possível perceber que, com o retorno das atividades, mesmo que virtualmente, a alegria era maior inclusive de quando as aulas aconteciam de forma presencial, em tempos de pré-pandemia.
“Os alunos idosos ficaram muito felizes, pois estavam isolados em casa sem convívio social. No retorno, apresentaram maior disposição, momentos de descontração e convívio social com os colegas do Grupo de inclusão Digital e Social do IFB, aquisição de novos conhecimentos e uso de recursos tecnológicos”, avalia.
Para o professor, os ganhos com o curso para o idoso vão muito além dos conhecimentos técnicos adquiridos e melhoram, inclusive, a autoestima e qualidade de vida.
“Há uma maior interação intergeracional, com filhos e netos, por exemplo, além de viabilizar encontros com os amigos, mesmo que virtualmente, e outros grupos idosos”, destaca.
A estudante Geni Gomes, de 66 anos, está sem seu primeiro curso no IFB. Ela conta que no começo da pandemia foi muito complicado, quando acabou tendo que aprender a conviver com o medo e com o distanciamento dos amigos, filhos e netos.
"Nós tivemos que aprender a viver em isolamento e esse projeto, para nós da 3ª idade, está sendo maravilhoso, pois estamos aprendendo a ingressar nesse mundo enorme da informática, já que não tivemos essa oportunidade quando éramos mais jovens. Eu estou adorando as atividades mesmo a distancia, faz bem para o corpo e alma nesse momento em que estamos vivendo", afirma dona Geni.
Seu Cardoso ressalta que, para eles, o curso vai muito além de uma aula e é encarado, também, como lazer.
“Faz parte do nosso lazer. Ficamos muito tempo trancados dentro de casa por causa dessa doença, mas agora a gente começa a se sentir mais solto, pois sempre temos alguma coisa para fazer. Estou muito satisfeito, muito feliz. Tem nos ajudado muito”, finaliza.
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