Pesquisa de professor sobre o impacto das radiações de celular gera publicação de livro

No ônibus, em casa, no trabalho e até mesmo na sala de aula. Por todos os lugares, o aparelho celular já é praticamente uma extensão do corpo humano. Aposto que se você ficar um tempinho de bobeira, vai logo tirar o apetrecho do bolso para conversar com os amigos, acessar as redes sociais ou simplesmente ouvir uma música.

Mas você já parou para pensar que, com o aumento de uso dos celulares, aumenta também a dispersão de energia pelas torres de transmissão, e isso pode causar algum malefício à sociedade? Não? Mas o professor Paulo Henrique Sales Wanderley, do Campus Ceilândia do Instituto Federal de Brasília, não só pensou como pesquisou sobre este tema.

E o fruto dessa pesquisa gerou o livro “Análise de radiação não-ionizante pelo modelo de Ikegami-Walfisch”. O nome – complicado, é verdade – fala do modelo matemático escolhido para analisar como as torres de transmissão de celular espalhadas pelas cidades dispersam a energia necessária para que o sistema funcione no ambiente e se essas emissões estão em acordo com as legislações vigentes.

“Foi feita uma análise dos modelos matemáticos existentes que pudessem ser utilizados, até escolhermos um modelo melhor adaptado às condições de Brasília”, explica o professor Paulo Henrique.

 

Mas e os resultados da pesquisa?

Após a pesquisa, o professor verificou que as principais legislações sobre a temática – como a Lei Distrital n.º 3446/2004, Lei Complementar n.º 164/2008 de Palmas-TO e Lei Municipal n.º 13756/2004 de São Paulo/SP – determinam que as torres sejam construídas distantes das unidades imobiliárias, como casas, apartamentos, hospitais, creches, etc. Afinal, não é nada seguro ficar perto de uma torre de celular, certo? Errado.

O livro mostra, em casos práticos, justamente o contrário. “O ponto de menor emissão de energia da torre é exatamente embaixo dela, já que a torre é construída para dispersar energia e não concentrá-la em suas proximidades. Neste caso, a legislação está atrapalhando ao invés de ajudar”, explica Paulo.

Mas, então, a solução é ficarmos todos concentrados embaixo das torres? Não. A pesquisa valida uma recomendação da Agência Nacional de Telecomunicação (ANATEL), que orienta que não importa o local onde a torre é instalada, mas sim quanto de energia ela emite.

“Em termos gerais, uma torre de celular pode emitir, dependendo da sua frequência de operação, 41,1 V/m, de campo elétrico. Em nenhum caso prático, analisado no livro, as emissões ultrapassaram esse valor”, constatou o professor.

 

A Pesquisa e o Livro

A pesquisa começou em 2005, quando Paulo Henrique cursava a graduação em Engenharia de Redes de Comunicação na Universidade de Brasília, com a necessidade de criar um procedimento para certificação das torres de celular das operadoras. “Eu fiz parte desse projeto durante a minha graduação e retornei ao assunto para o Mestrado entre 2007 e 2009, daí o livro foi publicado agora”.

O livro é uma compilação da dissertação de mestrado e foi publicado pela editora NEA (Novas Edições Acadêmicas), uma marca da editora alemã Omniscriptum que publica em livros em português. Essa, uma editora especializada em publicar dissertações e teses em várias línguas e distribuir essas publicações por meio da loja virtual Amazon.com. A editora chega até os autores fazendo buscas nos repositórios de teses e dissertações espalhados pelo mundo.

Além dessa publicação, o professor Paulo Henrique se prepara para ter um novo livro publicado “Informática Básica para a Terceira Idade”, dessa vez pela Editora IFB.