Dia Internacional da Mulher: Ela é a única aluna da turma de Mecânica de Automóveis
Miriely Alexandre Mota tem 19 anos e numa sala predominantemente masculina, ela é a única aluna da sua turma no curso de Auxiliar de Mecânica de Autos do IFB. É com essa história que encerramos a nossa série de entrevistas com mulheres que fazem parte e estão ajudando a construir a história do Instituto Federal de Brasília. Essa é a nossa homenagem a vocês, mulheres que com competência, digna e meritosamente desbravam, conquistam e se destacam em tudo o que fazem.
Vamos lá! Moradora de Luziânia (GO), Miriely acorda todos os dias às 4h da manhã, para pegar o ônibus e percorrer 60km até Brasília, onde faz aulas práticas e o curso de Auxiliar de Mecânica de Autos, ofertado Campus Estrutural do IFB.
Filha de um aposentado e de uma técnica em enfermagem, a jovem não se intimidou quando decidiu investir em uma carreira geralmente seguida por homens. Para ela, toda mulher deve fazer aquilo que ela queria fazer, mesmo que ouça comentários que tentem a desanimar.
“Corram atrás de seus objetivos. Mesmo que as pessoas digam que vocês não conseguirão porque vocês são mulheres”, esse é o conselho de Miriely.
Conheça mais sobre essa jovem que tem se destacado pelo seu sonho,sua atitude e determinação:
De onde veio a vontade de entrar em um curso de mecânica de automóveis?
No princípio, meu pai sempre ficava falando: “Você não sabe nada de carro, queria que você fosse homem para saber”. E isso ficou martelando na minha cabeça: “Você não sabe nada de carro. Quando você tiver carro, quem vai arrumar seu carro? Quando levar a oficina irão passar a perna em você”.
Mas ainda assim eu acho que o interesse por mecânica veio lá de dentro de mim. Agora já não é mais por aquilo que meu pai falava há 3, 4 anos. Aquilo ficou na minha cabeça, mas a vontade de ser mecânica, de ter uma faculdade de mecânica, de ser técnica e engenheira automotiva, isso vem de mim.
Agora é partir para dentro. Estou com muita vontade e aprendendo muito. Não quero parar de jeito nenhum.
O que está achando do curso?
Me apaixonei pelo curso! De início eu pensava: Vou me inscrever no IFB, mas talvez eu nem seja convocada. Pois o processo seletivo foi por sorteio. Lembro que foi apenas eu e uma outra menina que se inscreveram para o curso. Mas eu consegui. A outra acredito que desistiu pois nunca apareceu.
Como é ser a única mulher numa sala de aula predominantemente ocupada por homens e em um curso onde praticamente não se vê mulheres?
É ser diferente. Pois você irá ter o mesmo nível de conhecimento que eles. Você não vai se sentir menor que os homens. É muito legal. Eles me respeitam completamente. Eles me respeitam delicadamente, como sou mulher, nunca me tratam com palavras que venham me ofender.
Sofreu algum tipo de discriminação pelo fato de você ser mulher?
Até hoje não surgiu nenhuma piada, inclusive lá no meu trabalho existem 7 técnicos automotivos e eu sou supervisionada e orientada pelo chefe da oficina. Ele me ensina de uma maneira que estou aprendendo bastante. Cada coisa que faço é ele me instrui. Primeiro ele faz e eu observo, depois eu vou lá e faço.
O difícil, de início, está sendo gravar o nome das coisas. Às vezes ele fala que teremos que trocar uma peça, daí eu não lembro que peça que é, e ele me mostra. Já sei trocar peças e estou aprendendo bastante.
Algum cliente já viu você com a “mão na roda” e fez algum comentário?
Teve uma mulher. Ela olhou, e falou: “Você é mecânica?”. Eu respondi que era auxiliar de mecânica e que estava ali aprendendo ainda. Foi quando ela disse: “Mas como assim? Você é mulher”. Neste momento eu respondi que sim, eu era mulher, mas que gostava daquilo. Daí a cliente disse que eu estava certa e que tinha que ser assim mesmo, tinha que mostrar que eu também conseguiria fazer aquilo.
Como você vê o seu futuro profissional, o que quer fazer a partir desse curso?
Pretendo ser uma engenheira automotiva bem sucedida. Agora com o curso do IFB estamos aprendendo, e cada vez que você vai aprendendo, você cada vez mais quer se envolver com a mecânica. Isso te leva a ter o pensamento de um engenheiro automotivo.
Esse é o meu pensamento, ser uma engenheira automotiva. Passar no vestibular da UnB e ser engenheira mecânica, esse é o meu sonho.
Estamos no Dia Internacional da Mulher. Que mensagem você deixa paras as mulheres?
Corram atrás de seu objetivos. Mesmo que as pessoas digam que vocês não conseguirão porque vocês são mulheres. É a minha história, pois hoje sou auxiliar de mecânica e quando disse ao meu pai que me inscreveria no curso, ele disse que eu não conseguiria porque eu era mulher. Eu tentei, e consegui.
Meu conselho é que as mulheres façam aquilo que elas queiram fazer, e que não ouçam comentários que as desanimem.
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