Curso de Agroecologia tem aula inaugural com Marina Silva

Esta terça-feira, 27 de março, foi uma data especial para o curso de Agroecologia do Campus Planaltina. Os estudantes, calouros e veteranos, foram recepcionados em uma cerimônia especial – a abertura do primeiro semestre letivo de 2012. A solenidade marcou a aula inaugural ministrada pela ex-senadora, ex-ministra e atual diretora-presidente do Instituto que leva seu nome, Marina Silva.

O evento, que ocorreu pela manhã no novo espaço do curso de Agroecologia, também contou com a participação do diretor-geral substituto do Campus, André Ferreira, da pró-reitora de Desenvolvimento Institucional, Rosane Cavalcante, da coordenadora do curso de Agroecologia, Júlia Neves, e do deputado distrital e produtor agroecológico, Joe Valle. Também estiveram presentes representantes da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), do Projeto São Bartolomeu, do Mutirão Agroflorestal, do Pajé Santiê, do Santuário dos Pajés, e estudantes da Universidade de Brasília (UnB), além de servidores e alunos de outros cursos do Campus Planaltina do IFB.

No evento, também houve apresentações musicais de estudantes e servidores do campus, e, após a aula inaugural, ocorreu um plantio de árvores no jardim que fica na área externa do novo espaço da unidade. Finalizando as atividades da manhã, houve a solta de balões com sementes nativas do cerrado. A iniciativa partiu dos alunos do curso de Agroecologia, os quais denominaram a ação de ECOA (Espaço de Convivência de Agroecologia). As atividades de recepção de alunos do Campus Planaltina apenas começaram. Elas continuam, diariamente, até o dia 2 de abril.

Aula Inaugural

Após uma hora e meia de aula, a ex-senadora Marina Silva foi aplaudida de pé pelos estudantes presentes. Durante a sua fala, Marina discorreu sobre diversos temas, como as crises mundiais, por exemplo. A ex-ministra cita que muitos falam apenas da crise econômica, quando, na verdade, esta se caracteriza por ser muito mais profunda e possuir múltiplas crises atreladas a ela. “Não é apenas econômica, é uma crise do próprio modelo, desse modelo insustentável que se configura em várias dimensões: econômica, social, ambiental e de valores”.

Para Marina, a crise só é reconhecida como econômica quando atinge as classes sociais mais abastadas. “A crise social que se configura em 2 bilhões de seres humanos que vivem com menos de dois dólares por dia, nunca foi chamada de crise econômica. Só é crise econômica quando atinge o andar de cima. Quando está no andar de baixo, com dois bilhões de seres humanos passando fome, nada é feito em termos de injeção de recursos e outros meios para superá-la”.

No decorrer da aula, a ex-senadora também abordou diversos outros temas, como o atual modelo econômico, o novo código florestal, mudanças climáticas, e mais. Marina também aproveitou o momento para relembrar alguns casos de seu passado, época em que vivia no Acre, trabalhava como seringueira e iniciou a vida política, militando em movimentos sindicais.

Ao finalizar, a ex-senadora agradeceu a oportunidade de ministrar a aula no curso, que, para ela, por ser voltado especificamente para o bioma cerrado, representa a materialização da construção de uma realidade poliglota. “O curso está disposto a fazer a leitura da realidade dos serviços ambientais e das especificidades dos ecossistemas que temos no cerrado. A partir dessas muitas linguagens podemos extrair nova base de conhecimento, nova tecnologia para que a agricultura seja saudável do ponto de vista econômico, social e ambiental”.

Ao ser solicitada para que desse um conselho aos estudantes, Marina Silva preferiu dar um testemunho aos alunos do curso. “Dê importância e valorização à abertura para o diálogo de saberes. É muito importante aprender com aqueles que têm conhecimento associado aos recursos naturais. Os trabalhadores da agricultura familiar, por exemplo, têm uma experiência longa com observação de sementes, dos solos, dos períodos que são mais propícios a uma boa agricultura, e isso não tem como ser reproduzido nos laboratórios”, finaliza.

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