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Pesquisa de professor do Campus Taguatinga Centro quer entender Economia Solidária na Agricultura Familiar

Criado: Quarta, 28 de Setembro de 2016, 15h39 | Publicado: Quarta, 28 de Setembro de 2016, 16h04 | Última atualização em Quarta, 28 de Setembro de 2016, 16h08 | Acessos: 2491

Qual o impacto dos projetos de Economia Solidária na agricultura familiar? 

Esses projetos ajudam no combate ao desemprego?

Essas são algumas das perguntas que o professor Carlos Ferreira Wanderley, da área de gestão do Campus Taguatinga Centro, pretende responder em sua pesquisa de doutorado intitulada “A dinâmica na relação da economia solidária com o Estado neodesenvolvimentista e a reprodução de alteridades socioeconômicas da agricultura familiar”. 

A pesquisa é realizada no Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e o professor foi autorizado, pelo Instituto Federal de Brasília, a dedicar todo o seu tempo à realização deste trabalho sendo dispensado das atividades de sala de aula como prevê a política de incentivo à ciência nos Institutos Federais.

Busca por respostas

Para encontrar as respostas a estas e outras perguntas, o pesquisador do IFB vai visitar Empreendimentos de Economia Solidária (EES) nos Estados de São Paulo, Maranhão e Goiás.

Pela proposta de Carlos Wanderley, os empreendedores ligados à Agricultura Familiar devem ser ouvidos e suas atividades econômicas observadas para que se entenda como a Economia Solidária e as intervenções do Estado ajudam ou não no desenvolvimento desse setor.

Sendo mais específico ainda, a pesquisa vai verificar qual a influência do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) sobre os agricultores familiares envolvidos com a Economia Solidária.

O PAA foi criado em 2003 por meio de decreto e opera com os ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA), do Desenvolvimento Social (MDS), da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do Trabalho e Previdência Social (MTPS), da Fazenda (MF), do Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG) e da Educação (MEC).

Por meio do PAA, o governo federal compra, sem necessidade de licitação, a produção dos agricultores familiares. Essa produção é usada pelo governo para abastecer seus estoques, para merenda escolar ou para distribuir entre as populações de baixa renda que precisem de ajuda estatal na manutenção de sua alimentação.

Pressupostos de Pesquisas anteriores

O professor Carlos Wanderley já pesquisa esse assunto há cerca de quatro anos. Em 2012 ele constatou que as desigualdades econômicas entre as várias regiões do Brasil também ocorrem nos Empreendimentos de Economia Solidária (EES). De acordo com o pesquisador, um EES no Estado do Maranhão tem um faturamento cinco vezes menor que um EES do Estado de São Paulo.

Ele afirma que “mesmo dotado de grandes quantidades de terras agricultáveis, rios perenes, diversidade de paisagens naturais e com índices pluviométricos regulares, as políticas públicas voltadas para este setor da economia maranhense, cuja predominância é na área rural, se mostram pífias e de pouco alcance”.

O papel do Estado

Mais do que analisar a relação entre o PAA, a Agricultura Familiar e a Economia Solidária, a pesquisa do professor Carlos Wanderley vai estudar o papel do Estado de víeis neodesenvolvimentista dos governos Lula e Dilma.

Baseados em textos do Centro Celso Furtado, entre outros, o professor do IFB explica que Neodesenvolvimentismo ou Novo Desenvolvimentismo é a proposta de atualizar, no Século XXI, as ideias que geraram crescimento econômico e desenvolvimento nos anos que sucederam a Segunda Guerra Mundial. 

São ações realizadas pelos governos e pelo Estado para promover o desenvolvimento econômico nacional. De acordo com o professor Carlos Wanderley, ao tomar posse em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou promover esse tipo de ação, via PAA, que compra a produção dos agricultores familiares diretamente.

Agora, passados cerca 13 anos, a pesquisa do IFB tenta verificar o que funcionou e quais os resultados dessas ações iniciadas lá em 2003. Carlos Wanderley lembra que as ações implementadas no primeiro governo do PT levou o presidente Lula a ter uma popularidade que poucos governantes alcançaram até então. 

Economia Solidária e Desemprego

Segundo o pesquisador do IFB, a Economia Solidária tende a se desenvolver de forma mais intensa nos momentos em que o País mais sofre com o desemprego. Por isso, explica ele, nos anos 2000 quando Lula se tornou presidente o governo criou até mesmo uma secretaria para lidar com essa questão, a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES).

O Brasil passou por um período de desemprego em massa na década de 1990 devido a abertura comercial implementada pelos governos da época. Isso levou ao surgimento de um grande número de Empreendimentos de Economia Solidária. 

O que é Economia Solidária?

Citando o pesquisador Paul Singer, Carlos Wanderley define a economia solidária como um modo de produção que se constitui ao lado do modo de produção capitalista. Ainda se baseando no pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), o professor do IFB lembra que todos esses modos de produção compõem a formação social capitalista que só é capitalista porque o capitalismo é o maior modo de produção e molda a superestrutura legal e institucional à sua lógica.

Por que pesquisar esse tema? 

Para o pesquisador do IFB, trata-se de um assunto novo e relevante porque a discussão do neodesenvolvimentismo está presente no debate cotidiano dos economistas, dos responsáveis por elaborar políticas públicas, na academia, no setor público, nas agências de fomento e na mídia.

“Sem falar dos efeitos de sua política dirigida à agricultura familiar que reproduziria as diferenças regionais, por não levar em conta as particularidades regionais de desenvolvimento do país, sobretudo, da influência direta do meio técnico-cientifico-informacional no nível recepção dentro e fora dos empreendimentos solidários”, completa o professor.

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