Repertório e energia contagiante de Nãnan Matos marcam atividade cultural do Sernegra
A noite da última sexta-feira, 6 de novembro, foi marcada por muita dança, música boa, reflexão e uma energia contagiante transmitida pela cantora Nãnan Matos ao público que lotou a sala Cássia Eller, da Funarte em Brasília. A atração fez parte Programação cultural da IV Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça (Sernegra) e II Congresso Brasileiro de Pesquisadores (as) Negros (as) da Região Centro Oeste.
Em seu show, “Ma Binu”, Nãnan Matos, que é cantora e percussionista dedicada ao fortalecimento do fluxo cultural África-Brasil, colocou a plateia de pé com um repertório muito animado, recheado de afrosambas e música regional brasileira. A artista chamou a atenção também por apresentar um repertório que levou a todos os presentes a refletirem sobre a história do povo negro e as questões de gênero e raça.
Para a professora da rede pública de ensino do Distrito Federal, Rosemeire Rodrigues, que foi prestigiar a atração, a iniciativa de levar a cantora como atividade cultural para esse momento foi uma excelente escolha da produção do Sernegra.
“O trabalho e a apresentação no palco da Nãnan envolve toda uma história, uma vida toda vivida pelo movimento negro, pela questão de gênero, de ser mulher negra. Esse show demonstrou isso e nós da plateia recebemos esse recado. Cantamos juntos e pedimos bis, o show foi excelente”, conta Rosemeire.
Após o show e de dar atenção a todos os fãs presentes, Nãnan Matos falou um pouco sobre a sua história e a construção da sua identidade musical. Lembrou da triste situação de preconceito vivida recentemente pela atriz Thaís Araújo e por milhares de mulheres negras todos os dias em nosso país.
“Esse trabalho é uma reposta para essas pessoas que fizeram essas críticas a essa grande atriz, a Thaís Araújo, eu também passei por vários momentos como esse na minha vida. Foi um show de felicidade, de exaltação, mesmo assim, resgatando a importância de a gente saber da nossa história. Mas a gente está em um momento de transformação disso tudo. Eu sou continuidade dessa luta e agora eu não venho mais para chorar, eu venho para gritar: “liberdade”; levantando os braços e sorrindo”, disse a Nãnan.
Ela, que com seu talento representa e ecoa vozes de uma cultura e várias gerações, deixa seu recado para quem está na luta pelo respeito e igualdade de oportunidades na sociedade.
“Eu quero sempre poder falar da África, falar que eu sou afrodescendente, afroindígena, e com muita felicidade ter motivos para comemorar, mesmo sabendo das histórias de guerra, das histórias de luta, das perdas que tivemos de grandes líderes, de grandes mulheres, de grandes homens, mas isso é uma resposta. Agora a gente é a voz deles. Não conseguiram nos calar! Eles nos enterraram, mas esqueceram que estavam plantando sementes. Hoje germinamos e estamos aqui”, compartilha a cantora.
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