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A escalada da prática

Criado: Domingo, 20 de Dezembro de 2009, 22h00 | Publicado: Domingo, 29 de Novembro de -0001, 20h53 | Última atualização em Quinta, 05 de Dezembro de 2013, 10h22 | Acessos: 3535
Data: 20/12/2009Veículo: CORREIO BRAZILIENSE - DFEditoria: TRABALHO O pescador, desde pequeno, acompanhava o pai nas idas ao mar e acabou herdando a profissão. O pedreiro começou como aprendiz e, perguntando a pessoas mais experientes, aprendeu a construir e reformar casas e prédios. A cozinheira sempre se arriscou na cozinha e, hoje, tornou-se profissional graças ao esforço e talento. No sentido de valorizar os conhecimentos práticos dos brasileiros e garantir que as competências não aprendidas na escola tradicional sejam reconhecidas pelo mercado de trabalho, os ministérios da Educação (MEC) e do Trabalho e Emprego lançaram a Rede Certific. Instituído no último dia 23, o programa será ligado aos institutos federais de ensino(IFs), que serão os responsáveis pela elaboração de provas e emissão de documentos que comprovem os conhecimentos não formais dos profissionais. Segundo Aléssio Trindade, reitor do Instituto Federal de Brasília, este tipo de demanda já apareceu na instituição. "Alguns alunos chegam com domínio na área em que trabalham, por isso, querem provar suas habilidades logo", relata. Esse era o caso de Adán Matos, 23 anos. O brasiliense aprendeu, no primeiro emprego, a atividade de guia turístico. Apesar de não conhecer a área, aceitou o desafio de dominar a profissão no dia a dia. Com o tempo, foi percebendo que o mercado exigia mais do que a experiência exibida em seu currículo, por isso, resolveu fazer um curso técnico de guia de turismo na escola técnica federal brasiliense. "Eu aprendi muito durante o curso, mas, se na época existisse uma avaliação para provar a prática, teria me adiantado", ressalta. Atualmente, Adán usa os conhecimentos de rapel adquiridos no hotel fazenda onde trabalhou para fazer decorações natalinas em prédios de várias cidades do Brasil, como Brasília, Florianópolis e São Paulo. "Com o dinheiro, pretendo comprar meus materiais e oferecer serviços de turismo radical", planeja. A partir de próximo ano, profissionais como Adán terão a chance de procurar uma das mais de 200 escolas conveniadas ao MEC e conseguir um diploma que certifique suas habilidades. Os interessados serão submetidos a entrevistas e testes. "Vamos avaliar se a pessoa está apta naquele ofício, caso contrário, mostraremos as deficiências e indicaremos cursos", explica Luiz Caldas, diretor de Políticas da Educação Profissional do MEC. "Com essa avaliação, o trabalhador poderá perceber quais suas lacunas e consertá-las, um feedback de como ele está", acredita João Batista Diniz Leite, professor da pós-graduação de Gestão Estratégica de Pessoas do IBMEC Brasília. Referência A ideia de dar ao trabalhador um documento comprovando suas habilidades é comemorada por recrutadores, que poderão ter um parâmetro formal da mão de obra, tornando a contratação mais segura e fácil. "O empresariado é bem aberto às inovações, ainda mais uma que pode facilitar a seleção de funcionários, porém, o governo peca na questão da manutenção de seus projetos, tanto que a maioria deles cai em descrédito", analisa Carmen Cavalcanti. Diretora da Rhaiz Soluções em Recursos Humanos, Carmen teme que aconteça com a Rede Certific o que se deu com o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. "É uma maravilhosa ideia, mas está comprometida por causa da aplicação", diz. Para sanar qualquer dúvida dos empregadores e garantir a adesão das empresas a essa certificação, o diretor da Educação Profissional do MEC, Luiz Caldas, aponta que o esforço, nesse momento, é o diálogo entre empresariado, governo e organizações sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), no intuito de dar credibilidade ao programa. "Vamos mostrar que os exames serão rigorosos e que a rede não permitirá que a certificação não corresponda à real qualificação que o trabalhador tenha", garante. Mas tanto os ministérios como os reitores dos institutos federais e recrutadores são enfáticos em salientar que, apesar do programa, a chegada da Rede Certific não vai esvaziar as salas dos cursos técnicos. "Essa iniciativa contempla os profissionais seniores, que não tiveram oportunidade de cursar uma escola formal e agora podem comprovar seu lastro profissional; os mais jovens não podem perder de vista que a escola tradicional prepara de maneira melhor", alerta Carmen. Para João Batista, a iniciativa também pode recuperar a autoestima de pessoas que nunca frequentaram a escola. "Com um certificado comprovando o saber, vários profissionais não só garantirão o emprego, como terão o primeiro contato com as escolas técnicas, podendo nascer daí um interesse em qualificação", aposta o professor da pós-graduação de Gestão Estratégica de Pessoas da IBMEC Brasília. As escolas participantes da Certific lançarão editais convocando os interessados para os testes, que serão gratuitos. Há pilotos do programa em São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Mato Grosso, e a previsão é que, no próximo ano, os demais IFs comecem a implantar as avaliações. No Distrito Federal, a implantação pode ser um pouco mais demorada, já que há apenas um instituto em funcionamento. Os outros estão sendo construídos. O programa funcionará inicialmente nas áreas de pesca, construção civil, turismo e gastronomia. De brasileiros que trabalham sem registro profissional poderão ser beneficiados pela Rede Certific, segundo estimativas dos ministérios da Educação e do Trabalho.
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