Educação a Distância do IFB traduz videoaulas em Libras
Para atender de forma plena e adequada todos os estudantes, a Educação a Distância do Instituto Federal de Brasília (EaD/IFB) tem se adaptado para promover a inclusão nos cursos ofertados. Neste ano, iniciou o projeto de tradução em Língua Brasileira de Sinais (Libras) dos materiais audiovisuais.
“A produção formal de material didático na EaD/IFB iniciou em 2017. Desde o início, pensamos em disponibilizar os conteúdos digitais de forma acessível. Mas foi com a chegada do aluno Luérgio, no curso de Eventos, que essa necessidade foi concretizada”, explica Rute Bicalho, diretora de Educação a Distância do IFB.
Neste primeiro momento, apenas as disciplinas do curso Técnico em Eventos estão sendo traduzidas para atender às necessidades do estudante Luérgio de Sousa, que é surdo. Mas, segundo a coordenadora adjunta de Tecnologia de EaD/IFB, Joscélia Azevedo, “a tradução dos vídeos é uma ação que já foi incorporada, com previsão de expansão para os demais cursos em EaD”.
“Nosso compromisso é ofertar conteúdos digitais de forma acessível e adequadamente organizado, permitindo maior autonomia e flexibilidade dos estudantes, especialmente daqueles com alguma deficiência. Partindo do conceito de sociedade inclusiva, entendemos que é direito de todos o ingresso e a permanência na instituição aos bens e serviços produzidos no IFB. A modalidade a distância pode oferecer oportunidades de adaptação às necessidades dos estudantes, desde que planejada e construída em parceria com esses mesmos estudantes”, defende Bicalho.
Tradução em Libras
Atuando na área há cerca de cinco anos, a tradutora e intérprete de Libras Laís Amaral, que também acompanha o estudante Luérgio de Sousa nos encontros presenciais, explica a dificuldade que envolve o trabalho de tradução.
“Quando se faz a tradução para uma área como Eventos, que tem termos muitos específicos, é preciso pesquisar e, às vezes, não existe o sinal. Então eu corro atrás dos conceitos para conseguir passar coisas que não são da minha área e de sinais que eu não encontro de jeito nenhum. Isso tudo para evitar ficar só colocando as letras, que a gente chama de datilologia”, explica, referindo-se ao sistema de representação das letras do alfabeto por meio das mãos.
“Se eu colocar só cerimonial, por meio das letras, ele pode confundir com cerimônia de casamento, por exemplo, porque os surdos têm dificuldade com o português e, por mais que eles leiam a palavra, não significa que vão entender o que eu estou querendo dizer. Para mim, o surdo tem que entender, então eu sempre tenho esse cuidado de procurar os conceitos”, afirma.
“É muito trabalho de pesquisa e adaptação, e é a parte que mais me debruço. Teve momentos que eu cheguei a passar três dias na mesma disciplina, com um roteiro de uma única página, ou ficar um dia e meio no mesmo parágrafo porque eu não conseguia colocar ali alguma coisa que ficasse claro para o surdo. A gente vai tentando, fazendo o melhor na esperança de que eles consigam entender o que está sendo dito pelo professor”.
Laís explica que o acompanhamento do surdo em sala de aula também requer muita dedicação e compreensão por parte dos professores. “Alguns professores, geralmente na primeira aula, não percebem [que tem um aluno surdo na turma]. Já outros têm essa empatia mais direta e oferecem ajuda, chamam o Luérgio ao final da aula para perguntar se ficou alguma dúvida ou se ele teve alguma dificuldade. Mas todos são muito carinhosos”, garante.
Para conhecer um pouco mais sobre a história do Luérgio, leia a revista Identidade IFB.
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