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Algumas palavras...sobre percepção de tempo

Criado: Segunda, 04 de Mai de 2020, 17h47 | Publicado: Segunda, 04 de Mai de 2020, 17h47 | Última atualização em Terça, 21 de Julho de 2020, 13h47 | Acessos: 1737

O tempo é relativo, já dizia Einstein (1879-1955), mas não é desse modo de conceituar o tempo que falaremos hoje. Conversaremos sobre tempo interior, ou melhor, da nossa percepção de tempo. Será que eu percebo o passar de 1 minuto igual a você?

Durante alguns momentos da vida o tempo parece curto, longo, devagar ou rápido. Já percebeu? Quando há uma fila e você quer muito resolver logo, o tempo se estica. Mas quando estamos nos divertindo com pessoas queridas o tempo é curto, não é?

Aquela aula com que você não se identifica parece que o tempo congela e fica demorado, mas em compensação aquela aula que você mais gosta, voa!

Esses são exemplos de diferentes percepções do tempo. O mesmo tempo X pode ser sentido de formas diferentes de acordo como você está e onde.

Agora vamos nos situar no tempo presente: a pandemia (lembre-se de que todo cuidado é fundamental, ok?). Pois bem. Esse momento de crise gera em nós sentimentos fortes e de confusão que são inevitáveis, pois há uma incerteza do futuro, da nossa segurança, dúvidas das tomadas de decisão nossa e dos governantes. Há nessa situação o aumento da angústia, da ansiedade, da tristeza,  gerando em nós um abalo emocional que confunde nossa percepção.

Pensamentos de ‘o tempo não passa’ e ‘não consigo produzir’ ou até ‘não consigo aproveitar o tempo para descansar’ estão nos relatos das pessoas nesse momento. Queixam-se de não conseguir estabelecer uma rotina, dizem que ficar em casa ocasiona distrações que antes no trabalho/escola não tinham: como TV, crianças, redes sociais, dentre outras. Como não há essa mudança no ambiente fica difícil do corpo entender que não é hora de descansar, já que estamos em casa e o ambiente não muda. Esse é o desafio, como estabelecer uma rotina com momentos diferentes de produção e de lazer no ambiente que anteriormente está voltado ao descanso?

Primeiro ponto a lembrar é que estabelecer nova rotina é doloroso e difícil, agora,  imagine estabelecer uma nova rotina, em isolamento, em que o ambiente é fixo (nossa casa), a condição de isolamento imposta (para preservar nossa saúde) e ninguém teve preparo prévio, ninguém esperava. Então a dificuldade de estabelecer essa rotina é muito maior e provavelmente os deslizes ou as vezes que vamos fracassar serão mais frequentes. Mas isso não é motivo para desistir, é motivo para ser mais compreensivo consigo mesmo e adaptar-se dia após dia sem se culpar.

 

Abaixo algumas dicas simples para enfrentar esse momento. Use as que façam mais sentido para a sua realidade.

 

  1. Rotina: estabeleça pelo menos dois momentos: o de trabalho/estudo (produtivo) e o de lazer/descanso (repor energia).
    1. O momento de trabalho foque em qualidade e não em quantidade; em qual horário você se sente mais produtivo e tem condições (sem distrações e que esteja mais disposto mentalmente) para cumprir suas atividades.
    2. No momento de descanso e lazer, foque em recarregar energias (você precisará para ser produtivo no próximo momento produtivo).
  2. Mais intervalos podem ser necessários: pensamentos intrusivos podem atrapalhar sua concentração, demandas não programas já que está em casa e muita coisa acontece, principalmente, se há crianças em casa. Depois do(s) intervalo(s), se estiver animado(a), volte e faça mais um pouco até findar o momento produtivo. Caso não consiga voltar, não se preocupe, a atividade não feita voltará a ser feita no próximo momento produtivo. E assim, o foco é na direção e não na velocidade. Anote cada pequeno passo já concluído!
  3. Seja produtivo dentro da sua capacidade, pois isso afasta a sensação de impotência.

 

Respire, pense e aja. Faça sua caminhada sempre se respeitando, descansando, entendendo cada momento e cada pensamento. Não importa a velocidade, mas a direção, e indo com paciência, muita paciência, mesmo lentamente podemos ir muito mais longe.

 

 Josely Guimarães, psicóloga do Campus Riacho Fundo

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