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Algumas palavras... sobre a boa convivência familiar

Criado: Quarta, 06 de Mai de 2020, 16h50 | Publicado: Quarta, 06 de Mai de 2020, 16h50 | Última atualização em Terça, 21 de Julho de 2020, 13h37 | Acessos: 4388

 

O isolamento social, adotado para atravessarmos de maneira mais eficiente o período de pandemia, trouxe desafios para as relações familiares e a necessidade de reorganização da convivência diante desta nova realidade apresentada. A convivência pode ser um importante instrumento de saúde mental se for trabalhada de forma a aproximar os sujeitos e transformar as relações. Essa transformação é mediada pela comunicação, e este aspecto é fundamental para garantir relacionamentos saudáveis.

 

Como fazer desse momento uma oportunidade de desenvolvimento de estratégias para uma melhor convivência familiar?

  1. Lembrem-se: não existem regras universais. Cada núcleo familiar é único e está em um contexto particular.
  2. Levem em consideração que todo o sistema social encontra-se em um momento de mudança e adaptação; logo, as relações familiares precisarão ser reinventadas diante do novo cenário.
  3. Conversem entre si sobre a situação atual, falem sobre a necessidade de isolamento social, abordando cada familiar com linguagem simples e adequada a cada faixa etária e dando espaço para que cada um manifeste suas dúvidas e preocupações.
  4. A comunicação é estratégia de destaque para a resolução de conflitos. Expresse seus sentimentos, suas necessidades, comunique-se! Não crie a expectativa de que as outras pessoas percebam o que você está sentindo e de que está precisando sem que você tenha expressado claramente.
  5. Estabeleçam regras claras de cooperação com as tarefas de casa. Sempre que possível, negociem como cada um vai contribuir, evitando que alguns membros da família fiquem sobrecarregados. Uma ideia é criar um “mural de tarefas”, anotando-se os responsáveis por cada atividade e o dia de realização.
  6. É necessária a organização de uma rotina com horários bem estabelecidos: horários de estudo, de trabalho, de realização das tarefas domésticas, de tempo de lazer, de exercitar-se, de alimentação e de sono.
  7. Cumpram as tarefas acordadas, evitem que se acumulem. Um ambiente organizado potencializa sensações de bem-estar.
  8. Não esperem o incômodo tornar-se intolerável, criem um ambiente em que as pessoas se sintam confortáveis para compartilhar suas necessidades antes que estejam magoadas.
  9. A comunicação tradicionalmente é associada apenas à intencionalidade de quem a comunica, como se fosse algo que pertencesse a quem fala. Mas precisamos pensar que a comunicação é mais; é aquilo que ocorre na relação com uma outra pessoa que também precisa ser considera.
  10.  Quando nos relacionamos com o desejo de dominar o outro, seja através da crítica, punição ou imposição do nosso jeito, estamos anulando a individualidade desse outro, ou seja, estamos praticando uma violência. Quando a nossa comunicação só leva em consideração as nossas necessidades e opiniões, acabamos afastando as pessoas das quais desejamos estar próximos.
  11. Esteja atento ao que quer comunicar quando conversar com seus familiares: o seu objetivo é buscar uma conexão, fazendo com que todos se sintam respeitados e ouvidos ou o objetivo é mostrar que todos estão errados e você é o único certo? Observar a intenção das interações é muito importante para fazer com que a mensagem seja recebida de maneira receptiva pelo outro.
  12. Evite rotular ou criticar as pessoas, isso torna com que a pessoa que recebe sua mensagem seja menos receptiva a ela;
  13. Não se considere superior ao outro: “Você tem que me obedecer!” ou “ Eu sei mais que você!”.
  14. Não tente conseguir o que deseja explorando a culpa ou a vergonha do outro: “Como você tem coragem de fazer isso?”, “ Se você me amasse de verdade não faria isso”.
  15. Aprenda a observar empaticamente as pessoas, percebendo se estão se sentindo incomodadas por falta de auxílio nas tarefas, se estão inseguras, cansadas, amedrontadas. Procure exercitar a prática de entender o que está por trás de uma fala expressada de maneira irritada.
  16. Lembre-se de que todos erram, seus erros são maneiras de aprender algo, assim como os erros de seus familiares. Procure descobrir o que pode ser feito de maneira melhor para todos da próxima vez.
  17. Saiba pedir desculpas, mas lembre-se de que palavras sem mudança de comportamento e aprendizagem não produzem aproximação entre as pessoas.
  18. Observe sua forma de falar e como estão suas emoções antes de iniciar uma conversa; se as pessoas estão muito exaltadas, é momento de recuar, buscar maneiras de acalmar-se, para só então retomar a conversa. Espere o tempo necessário para que ambos estejam com prontidão para um diálogo respeitoso.
  19. Permitam espaço para as individualidades, é saudável que as pessoas disponham de espaços para estarem a sós.
  20. Atividades em conjunto são muito interessantes para compor a nova rotina da família: assistir a um filme juntos, cozinhar, brincadeiras e jogos, contar histórias sobre a família… Usem a criatividade para estreitar os laços afetivos.
  21. É preciso autorresponsabilidade para desenvolver uma compreensão mútua, de forma que a comunicação conecte as pessoas. Desse modo, a convivência poderá ser um fator protetivo em saúde mental.

Em tempos de pandemia, em que o isolamento impõe uma convivência obrigatória, o relacionamento pode ficar bastante comprometido; por isso é importante sempre se colocar no lugar do outro, praticar a empatia. Lembrar que se comunicar melhor é um exercício diário, e que não é só sobre aprender a falar, mas principalmente sobre aprender a ouvir. Uma comunicação efetiva é uma forte aliada na construção de relacionamentos saudáveis.

 

Iasmin Santos da Rocha Pinto

Lorena Silva Costa

Marina Lima Carvalho Branco

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