Algumas palavras... sobre a boa convivência familiar
O isolamento social, adotado para atravessarmos de maneira mais eficiente o período de pandemia, trouxe desafios para as relações familiares e a necessidade de reorganização da convivência diante desta nova realidade apresentada. A convivência pode ser um importante instrumento de saúde mental se for trabalhada de forma a aproximar os sujeitos e transformar as relações. Essa transformação é mediada pela comunicação, e este aspecto é fundamental para garantir relacionamentos saudáveis.
Como fazer desse momento uma oportunidade de desenvolvimento de estratégias para uma melhor convivência familiar?
- Lembrem-se: não existem regras universais. Cada núcleo familiar é único e está em um contexto particular.
- Levem em consideração que todo o sistema social encontra-se em um momento de mudança e adaptação; logo, as relações familiares precisarão ser reinventadas diante do novo cenário.
- Conversem entre si sobre a situação atual, falem sobre a necessidade de isolamento social, abordando cada familiar com linguagem simples e adequada a cada faixa etária e dando espaço para que cada um manifeste suas dúvidas e preocupações.
- A comunicação é estratégia de destaque para a resolução de conflitos. Expresse seus sentimentos, suas necessidades, comunique-se! Não crie a expectativa de que as outras pessoas percebam o que você está sentindo e de que está precisando sem que você tenha expressado claramente.
- Estabeleçam regras claras de cooperação com as tarefas de casa. Sempre que possível, negociem como cada um vai contribuir, evitando que alguns membros da família fiquem sobrecarregados. Uma ideia é criar um “mural de tarefas”, anotando-se os responsáveis por cada atividade e o dia de realização.
- É necessária a organização de uma rotina com horários bem estabelecidos: horários de estudo, de trabalho, de realização das tarefas domésticas, de tempo de lazer, de exercitar-se, de alimentação e de sono.
- Cumpram as tarefas acordadas, evitem que se acumulem. Um ambiente organizado potencializa sensações de bem-estar.
- Não esperem o incômodo tornar-se intolerável, criem um ambiente em que as pessoas se sintam confortáveis para compartilhar suas necessidades antes que estejam magoadas.
- A comunicação tradicionalmente é associada apenas à intencionalidade de quem a comunica, como se fosse algo que pertencesse a quem fala. Mas precisamos pensar que a comunicação é mais; é aquilo que ocorre na relação com uma outra pessoa que também precisa ser considera.
- Quando nos relacionamos com o desejo de dominar o outro, seja através da crítica, punição ou imposição do nosso jeito, estamos anulando a individualidade desse outro, ou seja, estamos praticando uma violência. Quando a nossa comunicação só leva em consideração as nossas necessidades e opiniões, acabamos afastando as pessoas das quais desejamos estar próximos.
- Esteja atento ao que quer comunicar quando conversar com seus familiares: o seu objetivo é buscar uma conexão, fazendo com que todos se sintam respeitados e ouvidos ou o objetivo é mostrar que todos estão errados e você é o único certo? Observar a intenção das interações é muito importante para fazer com que a mensagem seja recebida de maneira receptiva pelo outro.
- Evite rotular ou criticar as pessoas, isso torna com que a pessoa que recebe sua mensagem seja menos receptiva a ela;
- Não se considere superior ao outro: “Você tem que me obedecer!” ou “ Eu sei mais que você!”.
- Não tente conseguir o que deseja explorando a culpa ou a vergonha do outro: “Como você tem coragem de fazer isso?”, “ Se você me amasse de verdade não faria isso”.
- Aprenda a observar empaticamente as pessoas, percebendo se estão se sentindo incomodadas por falta de auxílio nas tarefas, se estão inseguras, cansadas, amedrontadas. Procure exercitar a prática de entender o que está por trás de uma fala expressada de maneira irritada.
- Lembre-se de que todos erram, seus erros são maneiras de aprender algo, assim como os erros de seus familiares. Procure descobrir o que pode ser feito de maneira melhor para todos da próxima vez.
- Saiba pedir desculpas, mas lembre-se de que palavras sem mudança de comportamento e aprendizagem não produzem aproximação entre as pessoas.
- Observe sua forma de falar e como estão suas emoções antes de iniciar uma conversa; se as pessoas estão muito exaltadas, é momento de recuar, buscar maneiras de acalmar-se, para só então retomar a conversa. Espere o tempo necessário para que ambos estejam com prontidão para um diálogo respeitoso.
- Permitam espaço para as individualidades, é saudável que as pessoas disponham de espaços para estarem a sós.
- Atividades em conjunto são muito interessantes para compor a nova rotina da família: assistir a um filme juntos, cozinhar, brincadeiras e jogos, contar histórias sobre a família… Usem a criatividade para estreitar os laços afetivos.
- É preciso autorresponsabilidade para desenvolver uma compreensão mútua, de forma que a comunicação conecte as pessoas. Desse modo, a convivência poderá ser um fator protetivo em saúde mental.
Em tempos de pandemia, em que o isolamento impõe uma convivência obrigatória, o relacionamento pode ficar bastante comprometido; por isso é importante sempre se colocar no lugar do outro, praticar a empatia. Lembrar que se comunicar melhor é um exercício diário, e que não é só sobre aprender a falar, mas principalmente sobre aprender a ouvir. Uma comunicação efetiva é uma forte aliada na construção de relacionamentos saudáveis.
Iasmin Santos da Rocha Pinto
Lorena Silva Costa
Marina Lima Carvalho Branco
Redes Sociais