Nota pública: Enem 2020

Nesta segunda-feira (11) completamos dois meses da declaração, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), do estado de pandemia pela Covid-19. Já são mais de 4,1 milhões de casos confirmados no mundo e o triste número de 283 mil mortes [1]. Em 60 dias o mundo mudou, impactando a vida de todos nós, em casa, no trabalho, em qualquer lugar. Dados da Unesco estimam que 1,7 bilhão [2] de estudantes estão sendo afetados neste momento com o fechamento das escolas em todos os continentes.

No Brasil, de forma prudente e apoiado pelas recomendações das autoridades de saúde, as redes de ensino pública e privada, em todos os níveis de ensino, suspenderam as aulas presenciais. No Instituto Federal de Brasília (IFB), as aulas presenciais foram suspensas no dia 13 de março e o calendário acadêmico no dia 9 de abril. 

Ainda que estejamos autorizados a ofertar educação a distância, em percentuais específicos definidos pela legislação, como alternativa às aulas presenciais, a instituição, sensível e conhecedora da realidade da imensa maioria de seu corpo discente, optou por não fazê-lo. Soma-se a essa informação os dados da Plataforma Nilo Peçanha, do Ministério da Educação, sobre o perfil socioeconômico dos estudantes da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. O índice de estudantes do IFB que se declararam de baixa renda atinge 82%. 

Por entender que a data marcada pelo MEC para a realização do Enem poderá prejudicar milhares de estudantes, hoje, inclusive, começam as inscrições para o exame. A Reitoria do IFB tem articulado e apoiado iniciativas de parlamentares que suspendem/adiam o Enem (PDL 137/20 do senador Izalci e PDL 167/20 do deputado federal Israel Batista e outros autores).

Na maioria dos Estados e no Distrito Federal vigoram decretos de suspensão das aulas, impactando todos, mas nesse caso em especial, estudantes concluintes do Ensino Médio não vão finalizar uma parte significativa do conteúdo programático se a data do exame for mantida.

Nesta terça-feira (12), as reitoras e os reitores do Conselho Nacional da Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) irão debater o Enem 2020 e seus impactos.

Considerando esse momento de tantas incertezas e mudanças no nosso dia a dia é que precisamos estar mais unidos e fortalecidos nas decisões, de forma a não deixar nenhuma unidade da rede para trás. Sensíveis aos argumentos e à realidade, acolhemos as preocupações dos nossos estudantes e educadores e nos somamos a outras instituições que defendem o adiamento do Enem.

 Nossa atuação sempre será pautada pelo desenvolvimento de uma instituição para todas e todos, com inclusão e com oferta de uma educação profissional e tecnológica pública, gratuita e de qualidade.

Luciana Massukado

Reitora do IFB

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^[1] Dado coletado em 11 de maio de 2020 no mapa mundial da Covid-19 da Universidade Johns Hopkins (https://coronavirus.jhu.edu/map.html)

^[2] https://pt.unesco.org/covid19/educationresponse