Algumas palavras para os adolescentes...sobre a adolescência e o isolamento social
Ser adolescente não é fácil; é um momento em que, fora todas as transformações do corpo, é preciso lidar com as transformações de papéis e identidade que perpassam essa fase do desenvolvimento. É um momento em que todos os sentimentos são “muito”: se tem muita raiva, muito amor, muito carinho, muito cansaço… Nada fica no meio termo, e lidar com tudo isso e ainda estar em isolamento social, distante dos nossos colegas, da nossa rotina e vivenciando algo que jamais foi esperado, torna tudo ainda mais complicado.
É normal que esse momento de instabilidade seja gerador de estresse e traga emoções como o medo e a ansiedade. Se isso acontecer, é importante que se dê vazão a esses sentimentos e sensações. Chore se sentir vontade, escreva sobre o que está sentindo, procure conversar com seus pais ou um amigo. Aproximar-se de uma rede de apoio é importante; perceba que não está tão só como se sente. Caso essas emoções estejam muito intensas, a ponto de impedir que realize suas atividades constantemente, procure um profissional de saúde.
Nesses momentos de crise, a criatividade emerge como uma estratégia de saúde. Sabendo da função do social para o bem-estar dos adolescentes, é importante manter contatos saudáveis, ainda que a distância. Quer algumas dicas?
- Sua vida social é importante e pode e deve continuar. Convide um amigo para assistir a uma live daquela banda favorita de vocês a distância. Vocês podem comentar os melhores momentos, cantar juntos algumas músicas. Garantimos que vai ser divertido!
- Ter um tempo consigo mesmo também é importante. Negocie com seus pais alguns momentos de privacidade.
- Tem irmãos mais novos? Tire um tempo para brincar com eles. Mesmo que você não faça isso há muito tempo, pode se surpreender com esse momento. Pique-esconde no escuro, futebol no quintal. Tem coisas que nunca envelhecem.
- Que tal jogar um jogo de tabuleiro em família? Xadrez, damas, detetive. Não precisa tê-lo em casa; alguns estão on-line. É um momento de interação na casa e poderá ser muito reconfortante.
- Tem avós em casa? Já imaginou tirar um momento para conhecer mais sobre eles? Pergunte coisas da sua juventude: como foram os primeiros amores. Conhecer um pouco mais o passado dos nossos familiares também pode ser uma forma de conhecer a nós mesmos.
- E se você ensinasse algo para seus familiares? Sabe dançar forró? Por que não tirar alguém da sua casa para ensinar a dançar? Coloca aquela música que você adora, arrasta os móveis ou vai para o quintal e arrisca compartilhar algo que você sabe.
- Busque conhecimento, pesquise assuntos de seu interesse e aproveite para pensar o seu futuro profissional ou simplesmente sobre coisas que lhe despertem curiosidade e que pela correria do dia a dia não era possível aprender. Mas cuidado com o produtivismo. Não se force a aprender tudo de uma vez ou coisas que não lhe interessam em nada.
- Não se esqueça de descansar! Períodos prolongados no celular ou no computador e a interação intensa nas redes sociais causam desgastes físicos e emocionais. Ouça músicas no escuro, descanse a visão e desacelere.
- Aproveite esse tempo para praticar o desapego e tirar do armário aquelas peças que já não usa mais.
- Se o excesso de informações sobre o coronavírus estiver causando muitas angústias, modere o acesso.
- Entenda que esse é um momento estressante, não só para você; que as incertezas e questões financeiras podem estar deixando os adultos com um alto nível de estresse que torna o ambiente mais propício para que ocorram conflitos. Isso pode afetar você também de algum modo. Veja se há algo a fazer que esteja a seu alcance e engaje-se, e se não tiver, só apoiar já é de grande ajuda.
- Aceite que há coisas que não têm como mudar. Isso diminuirá a sua ansiedade
- Ofereça ajuda, como, por exemplo, no uso das ferramentas tecnológicas ou outras coisas em que você tenha habilidade e que seus pais possam não ter. Cuide também das tarefas domésticas, que é de responsabilidade de todos que vivem na casa, e não só dos adultos.
Estar meio a uma pandemia é uma novidade para todos; portanto, seja mais gentil com você mesmo e com os outros. Respire, faça seu melhor, ou faça simplesmente o possível, mas não deixe de pelo menos tentar. Aprenda a perceber suas emoções e a falar sobre elas e busque ajuda quando não souber o que fazer.
Iasmin Santos (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)
Lorena Costa (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)
Marina Branco (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)
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