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Algumas palavras ...sobre trabalho remoto e saúde mental

Criado: Quinta, 09 de Julho de 2020, 13h27 | Publicado: Quinta, 09 de Julho de 2020, 13h27 | Última atualização em Quinta, 09 de Julho de 2020, 13h27 | Acessos: 1715

A ideia do trabalho remoto esteve permeando muitas discussões em nossas reuniões de trabalho. Objeto de desejo de muitos servidores, trazia consigo a possibilidade de muitos ganhos, como um menor dispêndio de tempo no deslocamento, tempo este que seria utilizado para cuidar mais de si, ler aquele livro, assistir a um filme, olhar com mais cuidado para aquele familiar, acompanhar o dever de escola do filho, fazer um jantar, enfim, tempo. E como tempo é dinheiro, não podemos desvincular a economia que teríamos, economia em passagem, combustível, maquiagem, roupas, sapatos, acessórios, entre outros. E de repente, fomos obrigados a estar em casa, trabalhar em casa, e tivemos que nos adaptar a utilizar ferramentas que até então eram mais raras em nosso cotidiano, como “google meet, Skype e zoom”, aprender a acessar plataformas de trabalho; e o resultado é que estamos nos sentindo mais solitários, sobrecarregados, ansiosos e tensos. Não tinha como ser diferente, a situação da pandemia do Covid-19 nos deixa aflitos, tememos por nossa saúde, pela saúde dos nossos familiares, amigos e colegas, não podemos mais sair e ver nossos amigos, comemorar nossos aniversários, não temos dito “sextou!”, não faremos nosso “happy hour”, além disso, muitos de nós conhecemos alguém que perdeu o emprego ou teve diagnóstico positivo para Covid-19. Sendo assim, não temos a mesma avaliação positiva que poderíamos ter em relação ao trabalho remoto, porque ele nos foi imposto por uma questão de saúde pública, e então não estamos em condições normais, e por isso estamos sofrendo.

E como podemos fazer para minimizar as possibilidades de sofrimento psíquico – porque o trabalho remoto pode gerar sentimentos negativos – e como podemos aproveitar esse momento para tirar o melhor proveito?

Vamos pensar juntos: para a realização do trabalho remoto é necessário que tenhamos uma rotina bem definida; a adaptação é difícil, mas é importante definir horários, definir metas, trocar de roupa para trabalhar, escolher um local mais reservado e que tenha todo seu material necessário às atividades, com uma cadeira confortável, acesso à internet e boa iluminação. Talvez possa botar uma música baixa, acender uma vela aromática. Fazer um acordo familiar para evitar muitas interrupções, não se distrair com redes sociais – elas nos tomam um bom tempo. Quando as tarefas estão organizadas, nosso cérebro entende que está tudo bem.

Se você mora sozinho(a), tem outras questões a pensar, talvez possua mais sossego para realizar as tarefas, mas tem o risco de se sentir só. Nesse caso, chamadas de vídeo com os colegas são boa opção, não só para tratar de trabalho, mas para “tomar um café virtual”, devemos nos apoiar uns nos outros, é um momento de saudades.

Se você é mulher e mãe, pode estar sobrecarregada com a conciliação do trabalho e tarefas domésticas, demandas de filhos pequenos, sem o apoio de creches e escolas; isso tem sido um fator adoecedor para muitas mulheres. Claro que existem também os pais que estão responsáveis por crianças pequenas. Nesses casos, é muito importante o apoio familiar, a divisão justa das tarefas e responsabilidades sempre que possível.

Fato é que há várias razões para estarmos achando que não estamos tendo um bom desempenho no nosso trabalho; porém, temos a oportunidade de fazer esse momento ser melhor, observando algumas questões e mudando nossa forma de enxergar a situação. Temos a sorte de poder trabalhar remotamente, enquanto muitos profissionais não têm essa opção; precisamos aceitar que algumas vezes erramos, mas é preciso errar para acertar, tudo é muito novo. Respeite seu tempo de adaptação. Temos de ser mais bondosos conosco e também mais empáticos com colegas que necessitam de ajuda; estamos todos com saudades, saudades de colegas, de familiares, de amigos, mas estamos isolados socialmente porque temos um objetivo em comum, e não significa que estamos sós; esta é uma ótima oportunidade para estarmos mais perto das pessoas que moram conosco, mais tempo para conversar e fazer algo juntos, temos mais tempo para nós, cuidar de uma planta ou animal de estimação. Reencontre o prazer de um antigo “hobby”, ou descubra um novo.

O sofrimento psíquico ocorre por várias razões: sentimos medo, ansiedade, impotência, baixa autoestima. A privação de liberdade aliada a uma rotina exagerada de trabalho e ausência de atividades prazerosas são fatores de risco para desencadear sofrimento psíquico; então precisamos observar os sinais que nosso corpo nos dá, aprender a nos conhecer, a nos observar, a respeitar nossos limites, mas isso não é tão fácil; muitas vezes precisamos buscar ajuda, ouvir as mensagens que as pessoas próximas nos passam, conversar com amigos e familiares que se demonstram preocupados com algo em nós, e em alguns casos, a melhor saída é buscar ajuda profissional. E se você precisar de ajuda profissional, eu estarei aqui para apoiá-lo(a).

 

Valéria Rodrigues Pacheco – psicóloga da Reitoria

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