Algumas palavras... sobre o enfrentamento do medo
Nada há de mais paralisante que a sensação de medo de alguma coisa ou situação. Longe de pensar nos típicos sustos que carregam uma mistura de espanto e surpresa, o medo pode ser bastante debilitante, o que traz impactos significativos na vida das pessoas.
O medo é um estado básico automático de alarme, que consiste em uma percepção ou conclusão de uma ameaça e/ou perigo iminente a nossa segurança e proteção. É preciso entender que o medo é uma emoção básica; sem ele não viveríamos por muito tempo, já que faríamos qualquer coisa sem pensar duas vezes. Em seu estado funcional, o medo nos ajuda a pensar nos riscos e consequências de fazermos algo, o que o faz desempenhar uma função muito importante; mas, quando prejudica a vida e decisões das pessoas, torna-se disfuncional.
Nesse sentido, o medo está no cerne de todos os estados de ansiedade.
Ao lidarmos com nossos medos, é comum nos sentirmos pequenos frente às dificuldades e escolhermos fugir. E ao fugir, criamos um padrão de frustração, apreensão e ansiedade.
E como lidar com tudo isso? Como enfrentar nossos medos?
Não há caminhos fáceis! Mas existem meios que nos ajudam a enfrentá-los de forma funcional.
Precisamos conhecer nossos medos
Sair do padrão de fuga é difícil, mas é o primeiro passo. Conhecer os nossos medos, como lidamos com eles, quais as situações que nos fazem senti-los são informações importantes para a construção de um plano de enfrentamento.
Os ganhos e perdas das nossas escolhas
Esse é um assunto muito delicado, pois como podemos ganhar alguma coisa com uma situação ruim? Mas trata-se de trazer à consciência as pequenas consequências de essas escolhas nos ajudarem a recuperar o controle sobre nossa vida. Se tenho medo de aviões, o que perco com isso? Quantas experiências prazerosas eu deixarei de ter? Ao deixar de fazer uma viagem a trabalho, deixei de enfrentar uma situação profissional difícil?
Resgatar os atos de coragem
Mesmo lidando com situações difíceis, já experienciamos a coragem necessária para enfrentar problemas. Trazer à memória situações difíceis que já foram superadas no passado nos ajudam a identificar quais as habilidades foram necessárias para tal, e assim integrar ao nosso Eu esses aspectos positivos.
Pequenas decisões importam!
Ao superarmos a lógica imediatista, percebemos que tudo é um processo de crescimento. É preciso que pequenas decisões sejam tomadas e, ao nos responsabilizarmos por isso, vivermos um dia de cada vez. Tente pensar no seu medo em uma escala de 0-10. Quais situações são mais estressantes e quais são menos. Comece a enfrentar aquilo que for possível, que lhe causa menos desconforto, entendendo que o desconforto existirá, mas não é sempre na mesma magnitude em todas as situações.
Precisamos evitar os pensamentos catastróficos
Ao lidarmos com algo que nos amedronta, é comum pensarmos naquilo que de pior pode acontecer como um recurso de “preparação” ou “evitação” da catástrofe. Esse recurso é muito perigoso para nossa saúde mental, pois nos mantém em constante estado de alerta e corremos o risco de desenvolver um agravamento de ansiedade e pânico.
Agregar a nossa rotina práticas de segurança e cuidado
Somente nós podemos dizer o que nos faz sentir seguros, amados e cuidados. Faz parte do nosso processo de autoconhecimento identificar isso e incluir na nossa rotina. Quanto mais seguros e amparados nos sentirmos, menos solidão no enfrentamento dos nossos medos vamos vivenciar.
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Neste contexto de pandemia, muitos de nós experimentamos o medo e nos paralisados frente a algumas perguntas, como "e se eu adoecer?", "e se eu perder alguém querido? ", "como ficará meu emprego?". A situação imposta pela Covid-19 é uma ameaça real e não estávamos preparados para lidar com todas as suas consequências.
Pela nossa saúde mental é importante entender que não devemos ter a pretensão de resolver problemas que não nos cabem. Não sabemos quando a pandemia irá acabar e não podemos controlar o comportamento dos outros. Então, em que temos gerência? Na forma como cuidamos de nós, na forma como interagimos com as pessoas a nossa volta. E na forma como lidamos com nossas emoções.
Psicóloga Lorena Silva Costa (Campus Planaltina)
Psicóloga Marina Branco (Campus Gama)
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