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“O IFB tem como tarefa trabalhar com os movimentos sociais”

Criado: Terça, 23 de Agosto de 2011, 09h09 | Publicado: Terça, 23 de Agosto de 2011, 09h09 | Última atualização em Quinta, 05 de Dezembro de 2013, 10h22 | Acessos: 3681

O IFB iniciou, neste ano, o Curso Técnico em Agropecuária com  ênfase em Agroecologia, voltado  para estudantes assentados da Reforma Agrária. A capacitação, com duração de dois anos, é ofertada no Campus Planaltina e é ligada à área de Extensão do Instituto. Na entrevista abaixo, a pró-reitora de Extensão do IFB, Salete Moreira, explica de forma mais detalhada como tem sido trabalhado o modelo de educação para esse público específico.

Salete MoreiraSalete, o que é, exatamente, o Pronera, Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária?
O Pronera é um programa de educação que atende especificamente o público da Reforma Agrária, ou seja, todos aqueles assentados que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) reconhece. É um recurso que o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) destina para aqueles jovens, mulheres e crianças que estão nas áreas de assentamento.

Como está esse programa no Brasil?

Primeiro teríamos de confirmar estes dados, mas atualmente o Pronera está em todos os Estados do Brasil. Ele acontece em parceria com as universidades e com os Institutos Federais, inclusive com o  IFB. O Pronera já existe há mais de 10 anos e já está institucionalizado.

O IFB começou, em 2011, a oferecer cursos por meio do Pronera. Que cursos são esses e onde são oferecidos?
Temos um convênio com o Pronera, que é o curso de Agropecuária com ênfase em Agroecologia, do Campus Planaltina. Atualmente nós recebemos 50 estudantes dos assentamentos do Distrito Federal e entorno, mais especificamente do município de Padre Bernardo (GO).

A relação do Pronera com os movimentos sociais, especialmente com o MST, é muito forte, e esse movimento é tratado pela mídia, muitas vezes, quase como um grupo criminoso. Houve alguma resistência a esse projeto por parte de algum grupo interno do IFB, ou externo? Se houve, como isso foi superado?
O IFB tem como um dos seus princípios, suas tarefas, trabalhar com os movimentos sociais, sejam eles quais forem, desde que estejam organizados e que tenham uma contribuição na questão educacional, humana, de cidadania. Com o Movimento dos Sem Terra (MST) não foi diferente. O movimento nos procurou no início do ano de 2010, para que atuássemos em alguns projetos; um deles é este que estamos vivenciando.

Dentro do Instituto, estamos iniciando um trabalho com os movimentos sociais, e é um trabalho que foi bem recebido pela professora Ivone Moreira – diretora do Campus Planaltina na época. Depois assumiu o diretor Adilson, que também recebeu muito bem a possibilidade de trabalhar com o programa.

No IFB houve uma boa aceitação. O que a gente está organizando é uma situação que favoreça os professores, estudantes e também os técnicos conhecerem mais essa vida do campo, que é a vida dos movimentos sociais, que é a do próprio MST, porque, realmente, muitas vezes a mídia criminaliza, principalmente, os movimentos agrários, que atualmente são os movimentos mais atuantes.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário divulgou, neste ano, um relatório que aponta situação complicada em alguns assentamentos da Reforma Agrária. Você entende que falta educação, capacitação para esses trabalhadores assentados?
O papel do IFB, e não só dele, mas da Rede Federal - nas áreas de assentamento – é, sem dúvida, o de trabalhar a educação profissional, tecnológica, mas entendida como uma educação que abranja a questão humana, a questão de se olhar para o campo diferentemente de como se olha para o urbano, pois é uma realidade diferente, é um tempo diferente, é uma situação diferenciada.
Nesse sentido, os movimentos sociais trazem para os Institutos Federais este desafio, o de trabalhar aquela realidade que está no campo, que não é a que a mídia coloca; é uma realidade em que os jovens estão lá, precisam se profissionalizar dentro daquela área, da agricultura familiar, da questão da agroecologia.


Esses estudantes do Pronera no IFB moram no campo e estudam no Instituto. Como isso é feito?
É uma metodologia. A Rede Federal, em alguns Institutos, já faz essa experiência que nós chamamos de Pedagogia da Alternância. Não é uma pedagogia de apenas alternar o tempo, mas para o jovem, homem e mulher do campo talvez seja uma das metodologias mais adequadas,  porque ela ajuda essa questão sazonal da produção agrícola. As pessoas precisam trabalhar, há um tempo de colheita, um tempo de plantio, e a Pedagogia da Alternância possibilita que a gente organize os cursos, a matriz curricular, de uma forma que o jovem esteja  um tempo sequencial diário na escola e outro tempo na comunidade.

Quando ele está na escola, está fazendo um movimento de entender as questões mais teóricas daquela disciplina, daquela área de conhecimento, do que está proposto no currículo. Quando está na comunidade, ele também entra em contato com essa teoria, mas é uma forma de trabalho experiencial, mais de pesquisa.

O Instituto vai continuar com esses cursos após formar essas primeiras turmas?
A turma que entrou em 2011 se forma no segundo semestre de 2012. Estamos trabalhando o Pronera com o Incra, um protocolo de intenções para outras ações. É muito cedo dizer, exatamente, se o Instituto  vai abrir outra turma no ano que vem, mas é possível que sim, pois o MST trouxe outros desafios de pesquisa como, por exemplo, ações de extensão, que estamos formatando com eles, e também outros cursos.

Existe a possibilidade de o IFB começar a trabalhar esse tipo de formação, mesmo sem o Pronera? Esse modelo de educação ser assumido como sendo objetivo do IFB?
Existe, pois há um parecer do Conselho Nacional que reconhece a Pedagogia da Alternância como uma possibilidade de organização curricular. A Pedagogia da Alternância existe no país há mais de 40 anos.

Salete, você gostaria de acrescentar algo que talvez não tenha sido mencionado nas perguntas?
Uma das questões que é importante lembrar é que os movimentos sociais têm um papel fundamental na sociedade. Como o sistema educacional é parte dessa sociedade, estamos trazendo para o Instituto essa reflexão, para que não nos tornemos um Instituto isolado, deixando de acessar as reais necessidades da população. Nesse sentido, recebemos muito bem o MST, os outros movimentos sociais do campo e outros que virão como parceiros nossos.

 

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