Mensagem da Reitora – Avaliação da Retomada
Ao voltarmos com o calendário acadêmico por meio de atividades letivas não presenciais, no dia 3 de agosto, os principais objetivos eram evitar o retrocesso de aprendizagem por parte dos estudantes e retomar o vínculo deles com a escola. Entendíamos que o ano letivo não estava perdido e que o isolamento social não podia ser confundido com o isolamento educacional.
Por tratar-se de algo inédito no mundo, não havia e não há ainda boas práticas nem referências a seguir. Aliás, a cada dia que passa fica nítido que a volta às aulas em uma pandemia é um tema sem consenso. É natural que decisões sejam contestadas, porque esse é o tipo de situação em que todos têm um pouco de razão, mesmo que as posições sejam, por vezes, opostas. Mas uma coisa é certa: a omissão não era e não é uma opção para uma instituição pública de ensino.
Fizemos e continuamos a fazer, reitoria e campi, o que pode ser feito dentro da excepcionalidade. Numa crise desta magnitude não existe o ideal, mas o possível. Investimos em ações de conectividade e em equipamentos para atender estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, além da ação dos mediadores virtuais, ação que foi elogiada pelos docentes. Flexibilizamos regulamentos e criamos novas portarias visando minimizar o prejuízo aos alunos. Pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar estamos atendendo dois mil estudantes do ensino médio integrado, de todos os campi, com cestas de produtos oriundos da agricultura familiar.
Mas só estamos conseguindo fazer essa travessia, porque todos os servidores do IFB, gestores, professores, técnicos e colaboradores, estão comprometidos e dando tudo de si para superar as barreiras e as dificuldades impostas pela pandemia. As tecnologias de informação e comunicação (TIC) nos impõem desafios, mas também nos apresentam possibilidades. Nossa expertise é o ensino presencial, mas o uso das TIC não é algo passageiro e precisamos saber lidar com essas ferramentas.
Passado pouco mais de um mês do retorno, podemos afirmar que a decisão de voltarmos foi acertada. Nessas últimas semanas, realizamos encontros virtuais com as direções-gerais, gestores e coordenadores de curso dos dez campi para escutarmos uma avaliação da ponta, da experiência de quem está próximo dos estudantes. Foram momentos de aprendizado, sugestões, elogios e críticas respeitosas e propositivas. Notável o engajamento, o espírito solidário, a união e o comprometimento de todos para fazer o melhor.
É o coletivo ajudando-se, integrando-se e pensando em alternativas e soluções. Sobrecarga de tarefas, desgaste emocional, flexibilizações de carga horária e de frequência, aulas práticas, evasão etc. são alguns dos temas que apareceram nas conversas. Quero dizer que estamos atentos e somos sensíveis a essas demandas. Já estamos trabalhando e pensando em estratégias e ações de mitigação e de resolução desses assuntos.
Entendemos que avaliar o presente é essencial e, se for preciso desacelerar e rever pontos, faremos isso ouvindo a nossa comunidade. Estamos em um momento de contínua adaptação e aprendizado diário, em que podemos e devemos ajustar rumos e corrigir o que não está indo bem.
Vamos cuidar de quem cuida. Por isso estamos expandindo e criando ações voltadas à saúde emocional e capacitação dos nossos servidores. Precisamos debater, conjuntamente, o melhor formato para o segundo semestre, com aprimoramentos que contribuam para o processo de ensino-aprendizagem e que sejam adequados para a comunidade acadêmica.
Também estamos ouvindo os discentes sobre a retomada, suas ideias, ansiedades e dificuldades. A opção de trancamento para os que porventura não puderam ou não quiseram voltar agora foi uma demanda trazida pelos movimentos estudantis e prontamente atendida.
Alguns estudantes do último ano do ensino médio nos relatam que querem fazer o Enem em janeiro e por isso desejam concluir o curso. Outros estão preocupados em relação às aulas práticas, tão importantes na educação profissional e tecnológica e que sabemos ser um diferencial dos institutos federais. Precisamos juntos pensar em alternativas: formato remoto, modelo híbrido com segurança, turmas alternadas e espaçadas quando a situação se normalizar etc.
Para nós, cada estudante é único. Todos têm uma história e por isso todos são importantes. Quero agradecer a cada gestor, professor, coordenador, assistente social, psicóloga, pedagoga, bibliotecária, estudantes, a todos que trabalharam e continuam trabalhando para não deixar ninguém para trás.
Brevemente lançaremos uma pesquisa de avaliação voltada aos discentes, como forma de termos uma amostra mais realista e podermos fazer correções.
Enquanto nós e o mundo aguardamos com expectativa uma vacina contra a Covid-19, precisamos seguir em frente. Com cuidado, com prudência, com segurança. A vida é nosso bem maior. Minha gratidão à comunidade acadêmica por este esforço de fazer essa travessia em meio a uma tempestade. Vamos superar, podem ter certeza.
Luciana Massukado
Reitora do IFB
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