Na vibração do som: a dança como forma de expressão e inclusão dos surdos
Se dança é a manifestação do corpo diante de um estímulo, que não necessariamente precisa ser sonoro, então é possível ser um bailarino profissional mesmo não ouvindo absolutamente nada?
Hoje (26 de setembro), no Dia Nacional do Surdo, o Instituto Federal de Brasília mostra que não apenas é possível como tem um grande exemplo na instituição — Maycon Calasancio, aluno do curso de Licenciatura em Dança do Campus Brasília.
Surdo desde o nascimento, Maycon se apaixonou pela dança logo na infância, e com o apoio da família fez o que era improvável para alguém com um grau de surdez profunda. “Comecei a dançar e amar a música quando tinha 7 anos de idade. Quando a música começa, ela me convida, me motiva, me dá energia e vontade de dançar mais”, conta.
Maycon explica que, apesar de não ouvir, ele é sensível à vibração da música. “Se [o som] for grave eu percebo, entendo e sinto a vibração. Quando a música toca pela primeira vez, preciso praticar antes, entender o ritmo e a melodia para que possa acompanhar as coreografias de dança”.
Primeiro professor surdo de balé de Brasília, Maycon encontrou na dança mais uma forma de expressão e inclusão. Para ele, não existe barreiras para expressar sua arte. “As músicas não são naturais para surdos, a cultura pertence aos ouvintes. Emocionalmente há diferença para os ouvintes e para surdos. Surdos sentem a vibração e têm percepções visuais dos espaços para que possam acompanhar o ritmo na música”, afirma.
Seu maior sonho é que crianças surdas possam se tornar profissionais da dança, assim como ele. “Se você é surdo e gosta ou se interessa por algo que parece não pertencer a você, não desista do seu sonho. Lute até quebrar a barreira. Você pode mudar o mundo”.
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