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Cerrado: pesquisa analisa as propriedades medicinais

Criado: Quinta, 09 de Setembro de 2021, 14h36 | Publicado: Quinta, 09 de Setembro de 2021, 15h36 | Última atualização em Quinta, 09 de Setembro de 2021, 16h05 | Acessos: 1327
 

A estrutura do Cerrado apresenta-se como um mosaico florístico formado por fitofisionomias que vão de formações florestais “(Mata Ciliar, Mata de Galeria)”, Savânicas “(Denso, Típico, Ralo e Rupestre)” e Campestre “(Campo Sujo, Campo Rupestre e Campo Limpo)” (Borghetti et al., 2019). Nesse contexto, o cerrado sensu stricto abrange as fitofisionomias de cerrado denso, cerrado típico, cerrado ralo e cerrado rupestre e é caracterizado pela presença de árvores baixas, inclinadas, tortuosas, com ramificações irregulares e retorcidas, e geralmente com evidências de queimadas.  Esse e outros referenciais podem ser visitados no artigo sobre o projeto "Potencial do estrato arbóreo-arbustivo de Cerrado Sensu Stricto para fins medicinais" desenvolvido pelo professor do IFB Campus Planaltina Ilvan Medeiros Lustosa Junior e pelo egresso e ex-estudante Getúlio Paiva, do curso de Agroecologia.

Diante desse vasto cenário florístico, o professor Ilvan propõe identificar, dentre o rol de espécies identificadas que compõem esse bioma, a discussão acerca dos usos e indicações terapêuticas de plantas que possuem em sua formulação alguma propriedade medicinal, já disseminada e popularmente usada para combater uma ou mais patologias. 

As atividades de pesquisa de campo têm acontecido no IFB Campus Planaltina, especificamente na área do Parque Distrital Colégio Agrícola de Brasília. A área de estudo caracteriza-se como de vegetação predominantemente de cerrado sensu stricto, muito embora haja a presença de demais formações vegetacionais e outras fitofisionomias, com aproximadamente 1.039,63 hectares.

"Foram feitas instalações para a pesquisa e levantamento florístico e fitossociológico da amostra mapeada no parque. Entre as principais espécies com  potencial fitoterápico identificadas, conforme o Índice de Valor de Importância (IVI), estão as espécies Eugenia dysenterica, Qualea grandiflora, Kielmeyera coriacea, Piptocarpha rotundifolia, Qualea parviflora, entre outras. Ao todo dez espécies foram identificadas por uma equipe de estudantes do IFB e, em um segundo momento, realizada busca de material bibliográfico comparativo para melhor compreensão sobre esse potencial já mapeado", explica o professor.

A metodologia para o projeto de campo incluiu a divisão de dez parcelas do espaço geográfico, e nelas foram feitas marcações  para medições das árvores encontradas no local.  

Ainda no artigo publicado sobre o projeto: 

"Define-se como planta medicinal o vegetal que tem seu princípio ativo evidenciado farmacologicamente e incluso na farmacopeia (Lorenzi & Matos, 2008). De acordo com Rodrigues (2010), o conceito de plantas medicinais está relacionado à presença de substâncias bioativas e com propriedades terapêuticas, profiláticas que melhoram a qualidade de vida. Não obstante, a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2021) define que as plantas medicinais são todas aquelas que contêm em um ou mais de seus órgãos substâncias que podem ser utilizadas com propósitos terapêuticos ou que sejam precursoras de semissíntese químico-farmacêutica."

 

Conheça as dez espécies nativas encontradas no IFB Campus Planaltina e seus fins terapêuticos.

Eugenia dysenterica DC. Cagaita / Arbóreo 

Casca, Frutos e Folhas Casca e folhas possuem ação antidiarreica, cicatrizante, antioxidante, moluscicida. Apresenta potencial antibacteriano e antifúngico (Silva Junior, 2012; Pereira & Cunha, 2015; Queiroz, 2015; Silva; Rabelo & Enoque, 2015). 

Qualea grandiflora Mart. Pau-terra / Arbóreo 

Folhas e Cascas As cascas são antissépticas. As folhas são indicadas para tratar diarreias com sangue, cólicas intestinais, dores estomacais, amebíase e inflamações em geral (Aguiar & Barros 2012; Silva Junior, 2012; Silva; Rabelo & Enoque, 2015).

 Kielmeyera coriacea Mart. Pau-santo / Arbóreo 

Folhas e Cascas Emoliente. A casca é considerada tônica e emoliente, sendo utilizada para tratar dores de dente. As folhas possuem propriedades emolientes (Silva Junior, 2012; Silva; Rabelo & Enoque, 2015). 

Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker Cinzeiro / Arbóreo 

Flores e Folhas As folhas e flores são usadas como enérgicos, e também, como antisséptico, anti-inflamatório e antidiarreico (Silva, Rabelo; Enoque, 2015). 

Qualea parviflora Mart. Pau-terrinha / Arbóreo

 Folhas e entrecasca As cascas e as folhas são utilizadas para tratamento de gastrite (Silva; Rabelo & Enoque, 2015; Vieira et al., 2015).

 Xylopia aromática (Lam.) Pimenta-demacaco / Arbóreo 

Frutos, folhas e casca A casca do caule é utilizada como anti-inflamatório e trata problemas digestivos. Apresenta propriedades afrodisíacas, tônico, vermífugo, febrífugo entre outras (Silva Junior, 2012; Silva; Rabelo & Enoque, 2015; Brandão, 2019). 

Stryphnodendron adstringes (Mart.) 

Coville Barbatimão / Arbóreo 

Casca, folhas e raiz É indicado no tratamento de hemorragias, diarreia, hemorroidas, para limpeza de ferimentos e chá da raiz na forma de gotas contra conjuntivite, prevenir queimaduras resultantes da radioterapia, antifúngico para tratar candidíase. Acne e manchas de pele e calvície na fitocosmética (Aguiar & Barros, 2012; Silva Junior, 2012; Oliveira et al., 2012; Pereira & Cunha, 2015; Alonso, 2016). 

Miconia burchellii Triana Pixirica / Arbusto 

Folhas Citotóxica para células tumorais (Cunha et al., 2021). 

Caryocar brasiliense Cambess. Pequi / Arbóreo 

Cascas, folhas e fruto A casca e as folhas são adstringentes. O óleo da castanha e os caroços são utilizados para tratar asma, bronquite, coqueluche e resfriados. Os caroços são considerados tônicos e afrodisíacos. As folhas são adstringentes e estimulam a secreção da bile. Regulador de fluxo menstrual (Silva; Rabelo & Enoque, 2015). 

Byrsonima crassifolia (L.) Kunth Murici / Arbusto 

Folha, Frutos e Casca, raiz Alto teor de carotenoides, atividade antioxidante e antifúngica e antidepressiva (Herrera-Ruiz et al., 2011; Brandão, 2019). 

 

 Projeto Análise Quantitativa da Decomposição de Serapilheira em diferentes fitofisionomias do Cerrado

 Outro projeto do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia do IFB Campus Planaltina é a "Análise Quantitativa da Decomposição de Serapilheira em diferentes fitofisionomias do Cerrado", que pretende entender a funcionalidade ecossistêmica do Cerrado para fins de conservação e práticas de recuperação de paisagens similares.

Mais uma iniciativa do professor Ilvan Medeiros Lustosa Junior, que estuda a dinâmica da decomposição de serapilheira: apresenta elevada influência na manutenção da produtividade vegetal, tanto em plantios comerciais quanto em vegetações naturais de ecossistemas tropicais e desempenha um papel fundamental na ciclagem de nutrientes. 

"Esse material pode se apresentar como um importante indicador no monitoramento do processo de restauração ecológica. O conhecimento da dinâmica de decomposição da serapilheira em diferentes fitofisionomias pode contribuir com modelos de indicadores ambientais para o Cerrado, como, por exemplo, para implantação de futuros projetos de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas neste bioma", explica o professor. 

A pesquisa teve como desígnio determinar a quantidade de serapilheira decomposta em três fisionomias do cerrado, como Mata de Galeria; Cerrado Sensu Stricto e Cerradão, na área de conservação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília – IFB Campus Planaltina. Contudo, o trabalho é uma parceria entre o professor do IFB, o estudante Leonardo Guedes, que concluiu o curso de Agroecologia, a Universidade de Brasília (UnB) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. 

 

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