Leonardo Boff debate novos caminhos para o futuro em palestra de abertura
Pensar o futuro a partir do presente e reconhecer a nossa responsabilidade enquanto sociedade e rede de educação foram alguns dos desafios propostos pelo escritor e teólogo Leonardo Boff, na palestra de abertura da 45ª Reunião Anual dos Dirigentes das Instituições de Educação Profissional e Tecnológica (REDITEC 2021). Cercado por centenas de livros, que inclusive despertaram a curiosidade do público, a biblioteca de casa foi o cenário escolhido por Boff para ministrar a atividade intitulada "O futuro depende de nós", nesta terça-feira, 30.
Leonardo destacou o momento crítico vivido pela educação brasileira e declarou apoio ao posicionamento da Rede Federal, dando ênfase a uma educação livre e séria na busca pela difusão de saberes em todas as partes. "Vivemos um momento crítico com respeito à educação porque há movimentos que nos querem reconduzir ao Pré-Iluminismo. O Iluminismo teve o mérito de difundir as escolas e todo o saber. É o que nós queremos; o resgate contra um certo obscurantismo que toma conta do país", defendeu.
Expandindo o olhar para outras sombras que reverberam no futuro, o palestrante elencou o aquecimento global, os distúrbios climáticos e a sobrecarga da terra, como o desmatamento e outros tipos de destruição, e convocou o público ao despertar para a consciência humana. "Estamos chegando atrasados, mas como temos ciência e tecnologia, podemos minimizar os efeitos danosos que virão. Por isso, temos que nos preparar", advertiu Boff. "Nós avançamos demasiadamente sobre as florestas. Devastamos, incendiamos e destruímos os habitats de centenas de espécies de vírus. (...) Isso é fruto da nossa irresponsabilidade, da nossa relação violenta e agressiva para com a natureza. Então, ela reage. E nos perguntamos 'por quanto tempo a Terra aguentará a nossa presença da forma como estamos fazendo?'", completou o filósofo.
O pós-pandemia defendido por Leonardo é um novo recomeço, promissor para toda a humanidade. Para isso, ele defende o novo ecossocialismo — um resgate ao ideal de dar a cada um o que ele precisa e cada um dar o que pode, resguardando a casa comum e o bem de todos. Além disso, o professor enfatiza a economia ecológica e a percepção necessária de que somos seres relacionais, precisando viver em profunda harmonia e compaixão com a sociedade e com a natureza.
Ao longo da palestra, dezenas de comentários foram somados à transmissão. "É sempre tão gostoso e motivador testemunhar a imensa sapiência de Boff. Por mais pensadores brasileiros como Boff!", vibrou Yago Bezerra. "Grande sacada do IFB: uma palestra sensível, que nos convida a pensar na formação integral e não apenas na formação tecnicista", acrescentou Maria da Glória Santos Laia. Sandro Di Lima também fez uma leitura semelhante, "Parabéns aos organizadores pelo convite ao brilhante Leonardo Boff. Um homem brilhante, lúcido e solidário. Uma fala que joga luz para todos nós e para uma ideia de planeta sustentável".
De volta ao Instituto Federal de Brasília, que sedia a REDITEC 2021, as reitoras Luciana Massukado e Sônia Regina de Souza conduziram perguntas direcionadas ao palestrante e fizeram a leitura de alguns comentários do público. Ao final, Massukado resgatou a fala de Boff, ao destacar "a necessidade de ter uma aliança de todos para todos, e não só para alguns. Que a gente trabalhe com amorosidade, com afetividade e, acima de tudo, respeito com todos — seres humanos e a natureza, porque é dela que vem todo o nosso sustento. Que esse seja o mantra do nosso início de REDITEC", concluiu.
Sobre o palestrante
Escritor, teólogo e filósofo, Leonardo Boff é também professor emérito de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ele é doutor em Filosofia e Teologia pela Universidade de Munique, Alemanha. Ao longo de décadas, Boff tem sido reconhecido e premiado no Brasil e no exterior, somando mais de 60 livros publicados.
Confira fotos de como foi a terça-feira da 45ª REDITEC no perfil do IFB no Flickr.
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