Bloqueio de 14,5% do orçamento inviabiliza o pleno funcionamento da Rede Federal
O Conif – Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica -, vem por meio deste expressar seu posicionamento contrário ao bloqueio linear de 14,5% de seu orçamento, anunciado no último dia 27 pelo Governo Federal e imediatamente percebido nos sistemas orçamentários usados pelas instituições.
A Rede Federal já vivencia os desafios da retomada presencial e os prejuízos advindos da pandemia e agora terá que dividir seus esforços para lidar com esse bloqueio. Realizado de forma unilateral e intempestiva, sem diálogo com os gestores das instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, o bloqueio – estimado em R$ 350 milhões para a Rede e um montante de mais de R$1 bilhão, se somado com as universidades federais – comprometerá as atividades dos 38 institutos federais, dos dois cefetse do Colégio Pedro II, que já sofrem com orçamento insuficiente.
A situação é grave, pois o bloqueio ocorre nos recursos destinados à manutenção das instituições. Ou seja, atividades essenciais de ensino, pesquisa e extensão, visitas técnicas e insumos de laboratórios serão cortadas dos estudantes. Serviços de limpeza e segurança também deverão ser afetados, acarretando em demissões e, consequentemente, em desemprego, em um momento de tentativa de aquecimento econômico pós-pandemia.
Em 2022, todos os campi da Rede Federal voltaram a ter estudantes presenciais, que retornaram ávidos por conhecimento e socialização. Os eventos científicos, culturais e esportivos entraram em nosso planejamento e, algumas instituições com licitações em andamento ou contratos assinados. O ano que devia propiciar uma volta à normalidade, pode se tornar um pesadelo. Mais do que nunca, nossos estudantes precisam de uma escola que ofereça condições mínimas para o seu desenvolvimento e para recuperação da aprendizagem.
A maior preocupação do Conselho e dos dirigentes da Rede Federal sempre foi e sempre será com seus estudantes. Com mais de um milhão de estudantes, dos quais aproximadamente 70% estão em situação de vulnerabilidade social, com renda familiar de até 1,5 salários mínimos, uma restrição orçamentária dessa magnitude afetará, principalmente, a qualidade do ensino ofertado para os estudantes da Rede Federal, aumentando ainda mais as desigualdades entre aqueles que têm condição de pagar uma mensalidade e aqueles que não têm.
Segundo a reitora do IFB, Luciana Massukado, é inaceitável um bloqueio como este praticamente no meio do ano. Luciana lembra que o quadro se agrava quando vemos um histórico de decréscimo no orçamento da educação e um acréscimo da inflação.
“Hoje ao invés de envidar esforços para discutir as estratégias para recuperar a aprendizagem, evitar a evasão e acolher nossos estudantes, precisamos discutir e decidir o que vamos deixar de fazer”, destacou Luciana Massukado, que faz um chamamento à mobilização para reverter este cenário.
No IFB, o bloqueio foi de R$ 5,9 milhões, o que corresponde ao orçamento anual de dois campi.
O Colégio de Dirigentes vai se reunir extraordinariamente nesta quarta-feira, 01/06, para debater o assunto, tendo em vista que os valores já foram bloqueados pelo Ministério da Economia.
Diante de um cenário repleto de incertezas, o Conif reitera seu compromisso com a educação pública, gratuita e socialmente referenciada e espera que o Governo Federal revise sua postura de bloqueio orçamentário do Ministério da Educação e de suas autarquias, levando em consideração o acima exposto e os efeitos danosos que tal medida irá provocar.
Brasília, 28 de maio de 2022
Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif)
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