Qualificação seduz mais que ensino técnico
Cerca de 6 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade que frequentavam, em 2007, algum curso de educação profissional, 80,9% estavam no segmento da qualificação profissional (FIC) e só 17,6% em cursos técnicos de nível médio. Dentre os 29,6 milhões que haviam frequentado essas modalidades, anteriormente, 81,1% haviam passado por qualificação profissional (FIC) e só 18,4% pelo técnico de nível médio. Os dados são da pesquisa Aspectos Complementares da Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional, suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2007, realizado pelo IBGE, em convênio com o Ministério da Educação.
Somando os que frequentavam com os que já haviam frequentado curso de educação profissional (35,6 milhões de pessoas), a divisão se repetia: 81,1% estavam no segmento da qualificação profissional, o curso técnico de nível médio representava 18,2% do total, e a graduação tecnológica 0,7%. As escolas públicas (8,0 milhões de pessoas) e o sistema S de ensino, Senai, Senac, Sebrae etc. (7,4 milhões), atendiam quase a mesma proporção de estudantes: 22,4% de matrículas nas instituições públicas e 20,6% no Sistema S de ensino. Já a rede particular atendeu a 53,1% das pessoas (quase 19 milhões de estudantes).
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) era frequentada em 2007, ou anteriormente, por cerca de 10,9 milhões de pessoas, o que correspondia a 7,7% da população com 15 anos ou mais de idade. Dos 8 milhões, aproximadamente, de pessoas que passaram pela EJA antes de 2007, 42,7% não concluíram o curso, sendo que o principal motivo apontado para o abandono foi a incompatibilidade do horário das aulas com o de trabalho ou a necessidade de procurar trabalho (27,9%), seguido pela falta de interesse em fazer o curso (15,6%). Nos cursos de Alfabetização de Jovens e Adultos no país (AJA), o perfil mais comum de aluno era mulher, com mais de 50 anos, nordestina, com rendimento domiciliar per capita de até 1 salário mínimo.
Problema financeiro – A falta de grana para custear a formação foi o principal motivo alegado por 25,5% de 2,4 milhões de estudantes para abandonar o curso em que se inscreveram (10,2% do total que frequentou). E o curso de qualificação profissional mais procurado, em 2007, era o de Informática, seguido por Comércio e Gestão. Analisando os dados de emprego e desemprego, o IBGE constatou que a maioria (66,4%) das pessoas desocupadas não havia frequentado anteriormente e nem frequentava em 2007 nenhum curso de educação profissional. No contingente de pessoas ocupadas (90,8 milhões de pessoas), 3,6% estavam frequentando a educação profissional em 2007, enquanto, entre os desocupados (8,1 milhões de pessoas), o percentual era 7,5%.
Dos 2,4 milhões de pessoas que frequentaram, mas não concluíram o curso de qualificação profissional (10,2% do total que frequentou), 25,5% apontaram o problema financeiro como o principal motivo para não concluírem o curso. Essa justificativa foi mais presente na região Sudeste (29,4%). Outro aspecto importante para a desistência foi a insatisfação com o curso (18,7% no país). A incapacidade de acompanhar o curso impediu a conclusão para 10,1% das pessoas; o local do curso foi a razão para 7,4% das pessoas; problemas familiares (7,0%), de saúde (4,1%) e o conteúdo do curso incompatível com o mercado de trabalho (1,3%) foram outros motivos de abandono.
Os problemas financeiros foram declarados como motivo para a não conclusão do curso de 190 mil pessoas, ou 24,5% das 775 mil pessoas que cursaram anteriormente o curso técnico de nível médio e não concluíram o curso; 22,6% (175 mil) não o concluíram por insatisfação com o curso. A região Norte foi a que apresentou a maior proporção de desistências por motivos financeiros (37,0%), e a Nordeste, a menor (18,7%). A região Sudeste apresentou a maior proporção de desistências por insatisfação (26,1%), e a região Sul, a menor (17,5%).
Daqueles que concluíram o curso (21,5 milhões de pessoas), 12,2 milhões (56,4%) trabalhavam, em 2007, ou trabalharam anteriormente na área de atuação, e 65,7% destes afirmaram que isso se deveu ao fato de o curso ter o conteúdo necessário ao desempenho do trabalho. Essa resposta foi mais frequente na região Centro-Oeste (71,2%). Dentre os 9,4 milhões de pessoas que concluíram a qualificação profissional, mas nunca trabalharam na área de formação, 31,1% afirmaram faltarem vagas de trabalho na área e 30,4% não trabalharam por terem encontrado outra oportunidade melhor de trabalho. A região Nordeste foi aquela que apresentou o maior percentual de pessoas que declararam não encontrar vagas (41,8%); e a Sul, o maior das que alegaram ter encontrado oportunidade melhor de trabalho (35,1%).
Dentre os que frequentavam ou frequentaram anteriormente curso técnico de nível médio, 55,4% fizeram esse curso após a conclusão do ensino médio, e 42,4% ao mesmo tempo que o ensino médio. E os 4,7 milhões de pessoas que completaram o curso técnico frequentado anteriormente, 3 milhões (65,2%) trabalhavam ou trabalharam anteriormente na área de formação do curso. Para 59,6% dessas pessoas, o conteúdo do curso foi de fundamental importância para conseguir o emprego; para 25,7% a aceitação do certificado foi o principal motivo para trabalhar na área do curso.
42,7% dos 8 milhões de pessoas que cursaram EJA antes do levantamento abandonaram o curso
Do universo de 141,5 milhões de pessoas no país de 15 anos ou mais de idade, cerca de 10,9 milhões de pessoas (7,7%) frequentavam ou frequentaram anteriormente algum curso de Educação de Jovens e Adultos – EJA. Na ocasião do levantamento, aproximadamente 3 milhões de pessoas frequentavam curso de EJA, enquanto cerca de 41 milhões estudavam na rede regular de ensino fundamental e médio. Já entre os cerca de 8 milhões pessoas que cursaram EJA antes do levantamento, 42,7% não concluíram o curso em que se matricularam.
O principal motivo para o abandono do curso para a maioria dos entrevistados foi a incompatibilidade do horário das aulas com o horário de trabalho ou a necessidade de procurar trabalho (27,9%), seguido pela falta de interesse em fazer o curso (15,6%). Outros motivos que levaram à desistência dos estudos foram a incompatibilidade do horário das aulas com o dos afazeres domésticos (13,6%), a dificuldade de acompanhar o curso (13,6%), a inexistência de curso próximo à residência (5,5%), a inexistência de curso próximo ao local de trabalho (1,1%), falta de vaga (0,7%) e outros motivos (22,0%).
O objetivo de retomar os estudos (43,7%), seguido por conseguir melhores oportunidades de trabalho (19,4%), adiantar os estudos (17,5%) e conseguir diploma (13,7%) foram as razões apontadas pela opção de cursar a EJA e não o ensino regular. Na ocasião do levantamento, do total de 2,9 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade que frequentavam um curso de EJA, a maioria estava cursando o segundo segmento do ensino fundamental (5ª a 8ª série), o que correspondia 40,0% (1,1 milhão); o ensino médio recebia 36,1% (1 milhão) dos estudantes, e o primeiro segmento do ensino fundamental (1ª a 4ª série) 23,9% (699 mil). A região Nordeste foi a que apresentou o maior percentual de frequência ao primeiro segmento do ensino fundamental (37,6%), o Norte registrou o maior no segundo segmento (43,7%,), e as regiões Sul (46,3%) e Centro-Oeste (46,1%) tiveram as maiores proporções no ensino médio.
O estudo do IBGE, realizado para o MEC, está disponível no site do Instituto.
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1 A instituição de ensino é considerada particular quando é uma escola, faculdade, universidade ou outra entidade (sindicatos, ONGs, igrejas, cooperativas etc.) de direito privado, excluso o Sistema S, que oferta educação regular em um ou mais níveis de escolaridade.
2 Instituições do chamado sistema “S”: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI, Serviço Social da Indústria - SESI, Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio - SENAC, Serviço Social do Comércio - SESC, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, Fundo Aeroviário - Fundo Vinculado ao Ministério da Aeronáutica, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, Serviço Social de Transporte - SEST, Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte - SENAT, ou Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – SESCOOP.
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