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Povos indígenas IFB: Aprendizagem e Ensino na área de Gestão

Criado: Quarta, 19 de Abril de 2023, 09h29 | Publicado: Quarta, 19 de Abril de 2023, 09h29 | Última atualização em Quarta, 19 de Abril de 2023, 09h33 | Acessos: 560
Em sala de aula, os desafios estão sempre presentes, seja ao falar de diversidade ou de se inserir no mundo do trabalho. O professor Diego Oliveira, do Instituto Federal de Brasília Campus São Sebastião, atua no eixo de Gestão e busca orientar os alunos numa perspectiva colaborativa e de aplicação dos conhecimentos indígenas 
 
Diêgo da Silva Oliveira
34 anos
Nascido em Salvador – Bahia
Professor de Logística do IFB Campus São Sebastião
Etnia Fulni-ô
 
Ser professor no IFB: Ser professor no IFB além de ser uma realização de um sonho de criança, pois sempre quis ser professor é uma oportunidade de fazer a diferença nas vidas das pessoas.
Sou egresso da primeira turma do curso técnico em comércio do extinto IFB Campus Taguatinga Centro e tenho muito a agradecer ao IFB por todas as oportunidades que tive enquanto estudante, estagiário, terceirizado e hoje docente.
Acredito muito no poder transformador da educação e acredito que todos os colaboradores da educação sejam eles servidores ou não, tem um papel importante na construção de uma sociedade melhor para todas e todos. 
Hoje sou professor do IFB Campus São Sebastião o qual gosto muito, pois vejo ali uma oportunidade de colaborar com a comunidade daquela região de Brasília que também é muito carente em diversos aspectos sociais, e o docente em sala de aula pode mostrar uma infinidade possibilidades que os estudantes não vislumbraram e com isso novas perspectivas são criadas e a mudança vai acontecendo.
 
Com o que trabalha nas aulas? Quais turmas no IFB?
Sou formado em Logística, então atuo no eixo de gestão do campus, lecionando disciplinas como Logística, Administração de Recursos Materiais, Noções de Economia, Noções de Direito, Noções de Contabilidade, Fundamentos da Administração, Marketing, Empreendedorismo, dentre outras ligadas ao eixo de atuação.
Costumo trazer coisas do cotidiano dos estudantes que se correlacionem com os conteúdos que serão trabalhados para que eles consigam ver que a bagagem que eles carregam é algo que tem significância e que ao juntar cada experiência o conteúdo fica robusto e completo. 
Todas as disciplinas que eu puder implementar conhecimentos indígenas, eu faço como uma forma de mostrar para aos estudantes que nossos antepassados também trabalhavam com conteúdos que estão sendo estudados e não somente o que é exposto nos livros, que dependendo do assunto os povos indígenas não são mencionados.
As turmas que costumo atuar são do Ensino Médio Integrado ao curso Técnico em Administração, Proeja em Secretariado, Subsequente em Secretariado e Subsequente em Secretaria Escolar.
As turmas que mais gosto de dar aula hoje, são as do ensino médio, por conta da energia e dos estudantes e a possibilidade de acompanhar por três anos o desenvolvimento deles.
 
Como foi sua trajetória de estudo até chegar no IFB?
Como falei anteriormente, eu sou um egresso do IFB, do extinto IFB Campus Taguatinga Centro. Lá, além do curso Técnico em Comércio, eu também fiz os cursos de Gestão Financeira, Vitrinismo e Produção de Moda e Inglês. Por razão de uma aula de Logística que tive, acabei me interessando em fazer a faculdade em Logística. Vale lembrar que colaborei até o ano de 2014 no campus como colaborador terceirizado na função de Técnico em Secretariado e, no ano que iria concluir a faculdade, também foi o ano do concurso do IFB para docente em Logística. Chegar ao IFB, não só me deu a oportunidade de uma formação de qualidade, emancipatória e critica, eu vou muito além, chegar no IFB me deu muitos amigos, me presenteou com minha companheira que construímos uma família linda, o IFB me deu muito além que eu imaginava.
Hoje estou fazendo mestrado no PROFEPT, da Rede Federal no IFB Campus Brasília, ou seja, o Instituto continua me dando oportunidades para que eu continue no meu processo de desenvolvimento. E como resposta minha pesquisa estará ligada na temática indígena na Rede Federal.
 
 
De que forma o IFB pode contribuir com uma Educação mais democrática e diversa?
O IFB tem como um dos seus valores a educação como bem público gratuito e de qualidade, respeito à diversidade e à dignidade humana e promoção da inclusão, logo podemos entender que esse é um compromisso que precisa ser cumprido pela instituição, pois é expressamente dita em seus valores. 
Contudo, quando falamos em uma educação mais democrática e diversa é uma abordagem pedagógica que valoriza a diversidade cultural, étnica, de gênero e também de orientação sexual na educação, reconhecendo que cada pessoa é única e traz consigo sua história, cultura e experiências de vida, construindo algo muito maior e positivo.
Dessa forma, esse tipo de contribuição tem como interesse proporcionar uma educação inclusiva, que respeite e valorize as diferenças, dando protagonismo aos diálogos, o respeito mútuo e a cooperação entre os estudantes e também entre os estudantes e os professores como uma verdadeira via de mão dupla. Além disso a participação ativa dos estudantes nessa construção, trazem eles para o holofote do saber, incentivando o pensamento crítico, e o protagonismo de uma mudança partida deles.
Dessa forma, não só o IFB mas toda a Rede Federal e todas as escolas públicas e privadas, precisam trabalhar com meta, para que a democracia e a diversidade sejam realmente vistas e que exista uma transformação na estrutura e nos currículos das instituições de ensino, com a inclusão de temas relacionados à diversidade, tradições, ancestralidade e à igualdade de direitos, além de um ambiente escolar acolhedor e seguro para toda comunidade acadêmica.
 
Como cidadão, como você se percebe hoje no nosso país?
Ser cidadão indígena e professor no Brasil pode ser uma experiência e complexa. Por um lado, há uma valorização crescente das culturas e dos saberes indígenas no país, com políticas públicas que protegem e preservam as tradições desses povos, como a demarcação de terras indígenas, a criação de universidades indígenas e a inclusão de conteúdos específicos sobre as culturas Indígenas nos currículos escolares.
Por outro lado, ainda há muitos desafios e obstáculos a serem enfrentados pelos cidadãos indígenas e professores indígenas no Brasil. A identificação e o preconceito ainda são realidades presentes em diversas esferas da sociedade brasileira, e muitas vezes os povos indígenas são vistos como “atrasados” ou “primitivos”, ignorando a riqueza e a complexidade de suas culturas e tradições.
Além disso, o acesso à educação de qualidade e à formação de professores indígenas ainda é limitado, o que pode dificultar o desenvolvimento de uma educação indígena que valorize e respeite os saberes e práticas locais.
Portanto, ser cidadão indígena e professor no Brasil pode envolver tanto a luta por reconhecimento e valorização das culturas e saberes indígenas, quanto a busca por condições mais justas e igualitárias de acesso à educação e à participação na sociedade em geral
 
Quais as perspectivas positivas e negativas em relação às políticas públicas para os povos indígenas?
Passamos por um tempo de negacionismo da existência dos indígenas e também da falta de políticas voltadas para os povos indígenas. A FUNAI que foi criada e idealizada como um órgão de proteção e auxílio dos povos indígenas foi cooptada pelo antigo governo e implodida, deixando de atuar conforme preconiza a legislação. Além disso, tivemos um aumento da desinformação na sociedade e os valores, tradições e a cultura indígena que deveria ser incentivada e trabalhada com os cidadãos foi ficando cada vez mais com um grau de precarização maior. 
Todavia, acredito que com o novo governo tivemos muitos avanços com as questões indígenas, a criação do Ministério dos Povos Indígenas, a FUNAI sendo retomada e agora com uma presidente indígena, a SESAI (Secretaria de Saúde Indígena) sendo comandada por um indígena também, além das discussões sobre a educação indígena e a criação de universidades indígenas. Bons ventos estão por vim e hoje temos indígenas com espaço de voz e trabalhando diretamente pelos povos indígenas.
Outra ação que ganhou muito espaço nos meios de comunicação e traz a tona a discussão dos povos indígenas, é o Acampamento Terra Livre (ATL), que acontece todo ano em Brasília com a reunião de muitos povos indígenas trazendo discussões a respeito dos processos de demarcações dos territórios indígenas, das questões climáticas, educação, diversidade, reconhecimento dos indígenas deficientes, dentre outras pautas. Sintam-se todas e todos convidados para o ATL desse ano que acontecerá entre os dias 24 e 28 de abril, em Brasília, terá como tema "O futuro indígena é hoje. Sem demarcação, não há democracia!".
Acredito que mesmo com os avanços ainda temos muito para trabalhar e mostrar para a sociedade que a cultura, tradições e valores dos povos originários são uma riqueza que vale e muito a preservação, disseminação e proteção.
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