Encontro com Romeu Sassaki
Dos dias 27 a 30 de agosto, o Instituto Federal de Brasília irá sediar o I Fórum de Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva (EPT Inclusiva). O evento contará com a presença do Professor Romeu Kazumi Sassaki, conhecido nacionalmente pelo seu extenso trabalho com programas de inclusão. Romeu é graduado em Serviço Social com especialização em Aconselhamento de Reabilitação e já trabalha há mais de 50 anos com pessoas com necessidades especiais.
Romeu falou com a Comunicação do IFB sobre a sua primeira experiência com pessoas deficientes, a expectativa da participação no evento e sobre a atual realidade da inclusão na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica.
Conheça um pouco mais sobre Romeu Sassaki, palestrante de abertura do I Fórum de Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva.
IFB: Como você avalia a atual realidade da inclusão de pessoas com deficiência dentro da rede federal?
RKS: Tendo acompanhado durante vários anos o trabalho de formação profissional da rede federal brasileira, em paralelo com o que estudei em países como os EUA, Grã-Bretanha, Japão, Espanha e Itália, entendo que a inclusão de pessoas com deficiência nesta esfera governamental constitui uma realidade bem formulada e bem executada, portanto, bem sucedida. Vejo-a no mesmo nível de qualidade dos países mencionados. Mas, reconheço que nos falta o mesmo nível de quantidade em programas, ou seja, proporcionalmente ao tamanho geográfico e demográfico do Brasil e de cada estado da federação.
IFB: Quais os principais temas que serão abordados na sua participação no evento?
RKS: No Fórum Distrital de Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva, do Instituto Federal de Brasília/MEC/Setec, a minha palestra se intitula “Formação Profissional e as Pessoas com Deficiência – Caminhos e Possibilidades”. Pretendo fazer uma releitura do conceito de “formação profissional” com base no paradigma da inclusão social das pessoas com deficiência, apoiando-me no documento internacional “Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência” e nos mais recentes decretos e leis do Brasil. A Convenção é da ONU e foi ratificada, com valor de emenda constitucional, através do Decreto 186, de 9/7/2008, pelas duas casas do Congresso Nacional e promulgada mediante o Decreto 6.949, de 25/8/2009, da Presidência da República. Também pretendo discutir sobre os novos caminhos e possibilidades que o renovado conceito de “formação profissional” apresenta aos alunos, professores, gestores e especialistas. Um desses caminhos e possibilidades é a metodologia “emprego apoiado”, que consiste em emprego competitivo para o qual se exige um enfoque inclusivo na prática da formação profissional e da colocação labora. Outro ponto da palestra será a necessidade de selarmos parcerias entre iniciativas governamentais e não-governamentais pelo objetivo comum: a inserção em qualidade e quantidade dos formandos no mercado de trabalho.
IFB: Na sua avaliação, qual a importância de eventos como esse para o debate dessa temática dentro da rede federal?
RKS: A rede federal – assim como a estadual e a municipal – tem sido alvo, com frequência, de cobranças e expectativas por parte dos estabelecimentos de ensino, dos familiares de alunos e das empresas que contratam profissionais qualificados. Esses três setores desejam e precisam saber o que está disponível, oficialmente, em termos de formação profissional. Ao mesmo tempo, há pouca divulgação massiva (não necessariamente em forma de propaganda de governo) sobre os cursos, os conteúdos programáticos, as metodologias didáticas, as abordagens teóricas ou ideológicas, os endereços, os pré-requisitos exigidos etc. O atual evento, como nas edições anteriores, vem a preencher essa importante lacuna. Daí a sua significância inegável.
IFB: Como você iniciou o seu trabalho com pessoas que necessitam dessa inclusão?
RKS: Profissionalmente, a minha atuação especializada junto a pessoas com deficiência começou em uma empresa de 1960 a 1962 e no Instituto de Reabilitação da Universidade de São Paulo entre 1963 e 1973, prestando serviços de aconselhamento para o trabalho, treinamento profissional e colocação laboral. De 1974 aos dias de hoje, passei a realizar colocações laborais somente em casos mais complexos e me dediquei cada vez mais a ministrar consultorias, cursos e palestras, assim como a escrever textos técnicos sobre educação, emprego, lazer, turismo, mídia, acessibilidade e temas afins, em relação a pessoas com deficiência. Desde a minha infância até 1959, tive a oportunidade de conviver naturalmente com amigos e colegas com deficiência em ambientes comuns, hoje denominados ‘inclusivos’. Aprendi que esta experiência ‘inclusiva’ me ajudou a começar, com naturalidade e facilidade, a minha vida profissional, na década de 60.
Foto: Instituto Hélio Goes.
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