Diversidade, cultura e resistência: IFB celebra o Dia dos Povos Indígenas
O Dia dos Povos Indígenas celebrado neste 19 de abril de 2024 marca dois anos desde a instauração da nova nomenclatura para celebração da data. Anteriormente conhecido de maneira equivocada e estereotipada como “Dia do Índio” – termo que alimenta a discriminação e instiga a violência física e o esbulho de terras, hoje constitucionalmente protegidas –, a mudança de termos teve como principal finalidade abranger a diversidade dos mais de 300 povos que, desde antes da colonização, habitam as terras que hoje compõem o Brasil. Ainda segundo o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), há mais de 150 idiomas indígenas no Brasil, e das 305 etnias diferentes registradas hoje, 86 já extinguiram suas línguas nativas.
A data de 19 de abril é dedicada a celebrar a cultura e a herança indígena em todo o continente desde o 1º Congresso Indigenista Interamericano realizado no México em 1940. No Brasil, a data foi incluída no calendário em 1943, no entanto não significou necessariamente respeito aos modos de vida dos povos originários, uma vez que, na década de 40, Estados mundo afora ainda concebiam a pauta indígena de duas maneiras: de forma a integrá-la ou exterminá-la.
Foi apenas em 1961 que o Brasil teve a primeira terra indígena reconhecida pelo governo federal: o Parque Indígena do Xingu. O líder Kayapó Raoni Metuktire, nascido em uma das bacias do Xingu e embaixador internacional da luta pela preservação da floresta e dos povos amazônicos, foi provavelmente a primeira liderança indígena reconhecida internacionalmente pela luta por direitos indígenas nos anos 80 e certamente a mais conhecida em território nacional até hoje, aos 93 anos.
Apesar dos avanços lentos com relação às políticas públicas voltadas ao povo indígena, a luta é antiga e resultou em alguns frutos visíveis nos dias atuais, como a criação do Ministério dos Povos Indígenas, que busca garantir aos indígenas acesso à educação e à saúde, demarcar terras indígenas e combater o genocídio desse povo; a publicação da Constituição Federal "MUNDU SA TURUSU" WAÁ” em língua Nheengatu, única língua descendente do Tupi antigo viva ainda hoje; e, mais recentemente, a eleição do escritor indígena e ativista ambiental Ailton Krenak para ocupação de uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, tornando-se o primeiro indígena a ser consagrado com tal feito.
A política de cotas do IFB, destinada a Pretos, Pardos e Indígenas, é uma medida importante que visa promover a inclusão e a igualdade de oportunidades para os povos indígenas no acesso à educação técnica e superior. Essas cotas garantem que um percentual específico de vagas seja reservado para estudantes indígenas em todos os cursos oferecidos pelo IFB — iniciativa fundamental para combater as desigualdades históricas enfrentadas pelos povos indígenas, que muitas vezes têm acesso limitado à educação de qualidade devido a barreiras socioeconômicas, geográficas e culturais. Ao reservar vagas especificamente para esses estudantes, o IFB contribui para a valorização e o fortalecimento das comunidades indígenas, além de promover a diversidade e o respeito à pluralidade cultural em seu ambiente acadêmico.
Podcast: Dia dos Povos Originários
Em celebração da data, o EstAção IFB desta semana conversa com a liderança indígena Paje Maná sobre educação indígena. Para assistir acesse o TV IFB ou ouça no Spotify.
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