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20 de Novembro: Celebração da Resistência e da Transformação da História Negra no Brasil

Criado: Terça, 19 de Novembro de 2024, 17h09 | Publicado: Quarta, 20 de Novembro de 2024, 08h15 | Última atualização em Terça, 19 de Novembro de 2024, 17h10 | Acessos: 159

Neste 20 de novembro, o Brasil celebra pela primeira vez o Dia da Consciência Negra como feriado nacional. A Lei promulgada em dezembro de 2023 reconheceu oficialmente o dia que simboliza a resistência e luta do povo negro, registrando um importante marco na história do país.

 

A Origem: Zumbi dos Palmares e o Movimento Negro

O Dia da Consciência Negra não surgiu de forma espontânea. Sua origem remonta à década de 1970, quando movimentos sociais negros começaram a se organizar para combater o racismo estrutural e promover a valorização da cultura negra. Foi em 1971, que o professor e militante Oliveira Silveira fundou um grupo de estudos em Porto Alegre para discutir a literatura e cultura negra, além de buscar formas de fortalecer a identidade afro-brasileira. 

A ideia de criar uma data comemorativa para simbolizar essa luta foi proposta por esse grupo, e o 20 de novembro foi escolhido por ser o dia da morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, morto em 1695 em uma emboscada pelas tropas coloniais.

Zumbi é, até hoje, um dos maiores símbolos de resistência à escravidão e à opressão. Sua morte consolidou sua figura como ícone de luta pela liberdade e pela justiça social. A escolha do 20 de novembro como data para celebrar a resistência negra ganhou força ao longo das décadas, especialmente após 1978, quando o Movimento Negro Unificado (MNU) passou a reivindicar a data como uma celebração nacional.

 

Avanços Legais e Políticos: Conquista da Igualdade

Desde a redemocratização do Brasil e a promulgação da Constituição de 1988, a sociedade brasileira passou a dar mais espaço para discussões sobre as desigualdades raciais, com a implementação de políticas públicas e leis que buscam reparar parte dos danos históricos sofridos pelos negros.

Entre essas legislações, destacam-se a Lei que tipifica o racismo como crime e a Lei que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas. Também é importante mencionar as cotas raciais, que garantem o ingresso de estudantes negros nas universidades públicas, promovendo maior acesso à educação de qualidade.

Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos quando o assunto é a inclusão social da população negra. Dados do IBGE de 2016 indicam que 54,9% da população brasileira se declara preta ou parda, e que o país possui a maior população afrodescendente fora do continente africano. 

A desigualdade social e o racismo estrutural ainda são realidades presentes no cotidiano de muitos brasileiros, especialmente aqueles de origem negra. A data gera um momento para refletirmos sobre os avanços legislativos e sociais conquistados pela população negra mas também sobre as lacunas que ainda persistem. 

 

Autores Negros para Ler, Assistir e Ouvir 

Para aproveitar o Dia da Consciência Negra de forma enriquecedora, é fundamental conhecer e valorizar a produção cultural e intelectual dos autores negros. A seguir, O IFB dá algumas indicações de livros, filmes e músicas de autores e artistas negros que podem ampliar a compreensão sobre a história e as vivências da população negra.

 

Livros

  • "Quarto de Despejo", de Carolina Maria de Jesus – Um clássico da literatura brasileira que retrata a dura realidade da autora, uma mulher negra que viveu na favela do Canindé em São Paulo.
  • Não. Ele não está”, de Maíra de Deus Brito – O livro é uma denúncia ao genocídio da população negra a partir da sua principal vertente: o extermínio da juventude negra. 
  • Torto Arado”,de Itamar Vieira Junior – O livro, lançado em 2019, conta a história de duas irmãs, Bibiana e Belonisia, marcadas por um acidente na infância e vivendo em situação análoga à escravidão em uma fazenda na Chapada Diamantina. 

 

Filmes

  • "Marte Um" (2021) – Drama brasileiro dirigido por Gabriel Martins que explora as tensões e desafios enfrentados por uma família negra no Brasil contemporâneo em que dois irmãos tentam equilibrar seus sonhos e ambições em um cenário marcado pela violência, racismo e pela desigualdade social.
  • "Que Horas Ela Volta?" (2015) – Dirigido por Anna Muylaert, o filme traz uma reflexão sobre as relações de classe e a luta das mulheres negras no Brasil.
  • AmarElo: É Tudo Pra Ontem(2020) – O documentário explora a história de criação do projeto AmarElo, do músico Emicida. O projeto conta a história do movimento negro no Brasil nos últimos 100 anos. 

 

Músicas:

  • "Mas que nada"– Jorge Ben Jor – O clássico de um dos compositores brasileiros mais importantes dos anos 60, mistura samba, jazz e maracatu na música brasileira mais ouvida no exterior. “O ariá raió Obá obá obá” – o trecho é uma saudação a Obá, deusa guerreira do candomblé. A intenção é pedir força e bênção à entidade, para que todos possam desfrutar da musicalidade que une os povos.
  • I wish I knew how it would feel to be free” - Nina Simone: Nina foi uma das maiores pianistas, compositoras e cantoras de jazz, blues e gospel da história dos Estados Unidos. Mais do que talentosa musicalmente, a cantora desempenhou um forte papel na luta pelos direitos civis da população negra norte-americana através da sua música.
  • ‘That's My Way” - Edi Rock e Seu Jorge”: Composta por um dos membros do grupo Racionais, um dos pilares do rap nacional, Edi Rock é uma das maiores vozes da música negra no Brasil. Seu Jorge, que atuou no filme Cidade de Deus, é atualmente um dos maiores nomes do samba. 

 

Além disso, o IFB preparou dois episódios especiais em celebração ao mês da Consciência Negra, que estão disponíveis no nosso canal no Youtube, TVIFB, e no nosso podcast EstAção IFB, no Spotify. Os episódios abordam a importância da luta contra o racismo, os desafios que ainda precisam ser superados e lança um olhar esperançoso sobre a revolução possível através da arte e da juventude negra. Você pode assistir aos episódios clicando AQUI e AQUI.

Mais do que nunca, é necessário continuar ampliando o espaço para a discussão sobre as políticas públicas voltadas para a população negra, promovendo sua inclusão e garantindo seus direitos. A educação, a cultura e a representatividade são fundamentais para a construção de um Brasil mais justo e igualitário.

A luta é de todos, e todos têm um papel importante na construção de um futuro sem racismo.

 

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