IFB tem projetos aprovados em chamada nacional do CNPq sobre agroecologia
O Instituto Federal de Brasília (IFB) teve dois projetos aprovados na Chamada Publica nº 01/2025, voltada ao apoio e fortalecimento dos Núcleos de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica. As iniciativas, que serão desenvolvidas pelos campi Planaltina e São Sebastião, reforçam o compromisso da instituição com a restauração ecológica, a segurança alimentar e a geração de renda em territórios rurais e urbanos do Distrito Federal.
O primeiro projeto aprovado, “Diálogo de Saberes na Restauração Ecológica Produtiva em Territórios da Reforma Agrária”, coordenado pela professora Viviane Evangelista no IFB Planaltina, propõe a implantação de sistemas produtivos que combinem agricultura e restauração ambiental. A iniciativa tem como foco a implementação de seis sistemas agrocerratenses em três assentamentos — Oziel Alves III, Pequeno Ilha e Canaã — além da criação de uma área demonstrativa dentro do próprio campus. Esses sistemas integram espécies nativas do Cerrado com cultivos agrícolas, como milho crioulo, gergelim e feijões crioulos, fortalecendo a sociobiodiversidade enquanto recuperam áreas degradadas.
Estudantes e professora do NEA em visita técnica ao assentamento Oziel Alves III em Planaltina
A proposta também prevê ações de fortalecimento da comercialização dos produtos oriundos dos assentamentos, em parceria com a Central do Cerrado e a Cooperativa de Desenvolvimento da Reforma Agrária do Distrito Federal e Entorno (Codestaq), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Oficinas, feiras agroecológicas e articulações com os programas Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) devem ampliar os canais de venda e consolidar as cadeias de valor da produção local.
Outro eixo do projeto envolve o fortalecimento das casas de sementes, a coleta de sementes nativas e a criação de protocolos de bioherbicidas — produtos usados para controlar plantas invasoras (as chamadas “ervas daninhas”) — a partir de extratos vegetais, como alternativa aos herbicidas convencionais. Para estimular o intercâmbio de saberes, agricultores de outros assentamentos do Centro-Oeste serão convidados a participar de atividades formativas e visitas técnicas, e todos os conhecimentos produzidos serão sistematizados em vídeos, cartilhas e materiais pedagógicos.
O segundo projeto aprovado, desenvolvido pelo Núcleo de Estudos Ecológicos do IFB São Sebastião e coordenado pelo professor Wesley da Silva Oliveira, tem como foco o fortalecimento da agroecologia em áreas urbanas e periurbanas. Intitulado “Educação Ecológica e Quintais Produtivos”, ele atua diretamente com populações vulneráveis da Região Administrativa de São Sebastião e entorno, incluindo mulheres agricultoras, famílias assentadas e moradores de ocupações urbanas. A proposta visa alcançar mais de 225 pessoas com ações de formação, criação de unidades produtivas e organização comunitária.
O projeto aposta na implantação de quintais produtivos agroecológicos como estratégia para enfrentar a insegurança alimentar e gerar renda solidária. A região já possui forte vocação para agricultura urbana, concentrando iniciativas como a Horta Girassol — a maior horta urbana do DF — o que fortalece o ambiente de colaboração. As atividades serão desenvolvidas por meio de metodologias participativas e territorializadas, com cursos que seguem a Pedagogia da Alternância e abordam temas como tecnologias sociais, compostagem, produção de alimentos e comercialização via programas institucionais. Entre as metas estão a instalação de três quintais-modelo, 15 unidades de compostagem, 20 bacias de evapotranspiração e ações de incentivo à criação de uma cooperativa de mulheres agricultoras urbanas e periurbanas.
Além de promover autonomia alimentar, o projeto pretende fortalecer o protagonismo de mulheres e jovens, estimular a organização social e integrar práticas sustentáveis aos desafios ambientais contemporâneos. A produção de cartilhas e a realização da Jornada Agroecológica de São Sebastião devem ampliar o alcance das ações e consolidar a troca de saberes no território.
Para a coordenadora do projeto em Planaltina, professora Viviane Evangelista, a retomada do edital marca um avanço para os Núcleos de Estudos em Agroecologia, que aguardavam esse apoio desde 2016. “A aprovação fortalece o trabalho que já desenvolvemos com as comunidades e permite ampliar as ações para outros assentamentos. Com o recurso, conseguimos avançar nos processos de transição agroecológica e envolver de forma mais efetiva estudantes, docentes e a equipe técnica”, afirma. A perspectiva, segundo ela, é que os resultados consolidem novas parcerias e reforcem o papel do IFB na promoção de práticas sustentáveis nos territórios do Distrito Federal.

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