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Estudantes participam de Aula de Campo no Quilombo do Mesquita, na Cidade Ocidental – GO

Criado: Quarta, 12 de Dezembro de 2018, 18h26 | Publicado: Quarta, 12 de Dezembro de 2018, 18h26 | Última atualização em Quarta, 12 de Dezembro de 2018, 20h09 | Acessos: 1473

No último sábado, 08 de dezembro, 31 alunos do curso de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades e Linguagens do Campus Riacho Fundo participaram da aula de campo no Quilombo do Mesquita, localizado no município goiano da Cidade Ocidental. A atividade contou também com a participação de quatro professores do campus docentes das áreas de Letras, Geografia e História.

A atividade prática fez parte do conteúdo ministrado na disciplina “Histórias e Culturas Africanas e Afro-Brasileiras”. Para a aluna Mariana Teixeira, “ir a campo é sempre uma experiência gratificante e desafiadora; observar na prática a teoria estudada na universidade evidencia a complexidade do estudo das Ciências Humanas, pois o ser humano e suas relações é algo muito singular”.

A aula teve como objetivo principal apresentar aos alunos o espaço geográfico historicamente produzido pelos afrodescendentes e permitir que eles vivenciassem o modo de vida atual, buscando identificar elementos culturais característicos e suas influências na economia e na organização socioespacial. Para a discente Ângela Resende, a atividade “possibilitou reflexões importantes, dentre elas o quanto precisamos conhecer, respeitar e valorizar os nossos irmãos quilombolas”. A discente concluiu que “aulas assim são enriquecedoras, pois contextualizam e agregam novos aprendizados”. 

Durante a atividade, realizou-se a contextualização histórica dos quilombos como espaço de organização, resistência e luta dos africanos e afrodescendentes no Brasil dos séculos XVII a XIX. No Quilombo do Mesquita, teve-se “a possibilidade de observar o estilo, a organização e a história dessa comunidade formada por pessoas simples, sábias e acolhedoras. A cultura popular merece seu espaço de fala e reconhecimento”, ratifica Mariana Teixeira.

Outros pontos fortes da aula foram: a identificação dos marcos territoriais constituintes da comunidade Quilombola (um casarão do século XVIII e as ruínas da ponte da Maria Pereira, ex-escrava fundadora da comunidade); o conhecimento das técnicas de transposição hídrica, por gravidade, utilizadas pelos ancestrais (são aproximadamente 20 km de canais que cortam esse território); e a visita ao museu da história da comunidade.

Essa comunidade do quilombola, além de lutar pelo reconhecimento legal do território como patrimônio cultural, sofre ainda pelos impactos resultantes do crescimento urbano de Brasília e pela quase inexistência de políticas públicas que fortaleçam a sua luta. Tal realidade foi explicitada na fala de João Antônio Pereira, de 71 anos, liderança local e filho de ex-escravos. Ele enfatizou a luta diária pela preservação das terras, da cultura e da história das famílias do Quilombo.

Após o almoço, os alunos tiveram também a oportunidade de conhecer o processo de produção e degustação da Marmelada do Quilombo do Mesquita um doce produzido desde os ancestrais considerada “patrimônio gastronômico ” desse remanescente de quilombo.

A aula de campo também faz parte de um conjunto de ações que têm sido desenvolvidas no campus para a sensibilização acerca da temática étnico-racial. Dentro dessa proposta, busca-se o diálogo entre os discentes e os sujeitos sociais que vivem realidades do universo político, econômico e cultural afrodescendente.

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