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Semana da Mulher: “Sou apaixonada por aquilo que faço"

Criado: Sábado, 07 de Março de 2015, 11h10 | Publicado: Sábado, 07 de Março de 2015, 11h10 | Última atualização em Segunda, 09 de Março de 2015, 11h21 | Acessos: 1532

Nossa entrevistada de hoje é Rosely Gomes Guimarães. A tocantinense é psicóloga do Campus Riacho Fundo do IFB. Aos 18 anos de idade ela mudou de sua cidade natal para Uberlândia, onde iniciou o curso de psicologia na Universidade Federal da cidade mineira. Mas foi em Brasília que concluiu o curso pela UnB, onde formou-se com habilitação tripla: psicologia em 2009, bacharel em 2012 e licenciatura em 2013.

 

Rosely, como os seus colegas de profissão no IFB, tem um papel fundamental para a permanência e conclusão dos discentes nos cursos da instituição. Consegue desenvolver um trabalho que vai além da abordagem pedagógica, mas ajuda os alunos a desatarem nós em suas vidas pessoais.

 

Conheça mais sobre a história dessa profissional, que iniciou sua carreira como voluntária ajudando crianças e idosos, e hoje compartilha seu conhecimento, generosidade e experiência aqui no IFB.

 

Rosely, antes do IFB como você atuou dentro da psicologia?

Sempre faço trabalho voluntário e já fui voluntária numa clínica social trabalhando com crianças. Ali atendi todos os tipos de caso, os mais graves geralmente. Eu amo clínica e foi naquele momento que percebi que realmente era isso que queria para a minha vida.

 

Durante a minha graduação na UnB fiquei muito tempo no Hospital Universitário de Brasília (HUB), na parte de idosos, trabalhando com clínica médica e saúde auditiva. A minha trajetória dentro da UnB e como profissional sempre foi lidar com perdas. Pra mim isso foi muito rico, pois é um tema e um âmbito da psicologia muito complicado.

 

Já atendeu algum caso que tenha levado ao empoderamento feminino?

Eu sou estudante de gênero e gosto muito da área. E eu vi lá no Centro de Medicina do Idoso do HUB o emponderamento de senhoras com coisas simples. O alzheimer dava aquela perda e lá tem um trabalho de jardinagem. É uma oficina de reabilitação neuropsicológica baseada na jardinagem. A lógica é: a pessoa escolhe a cor do seu avental e o vaso da planta também sé daquela cor. Mas para a pessoa escolher a cor ela tem que associar a algo de sua vida.

 

Então muitas senhoras que chegavam lá perdidas, sem saber o nome ou onde estavam, com uma simples oficina, elas resgatavam elas mesmas. Lembro de uma senhora que ela e o marido tinham alzheimer, e ela escolheu a cor amarela, que simbolizava a aliança que tinha na mão.

 

Como é o seu trabalho aqui no IFB?

Eu entrei em 2013. Meu trabalho é psicologia escolar, mas aqui na Coordenação de Apoio e Assistência Estudantil (CDAE) fazemos um trabalho conjunto, com os pedagogos assistentes sociais.

 

Sou apaixonada por aquilo que faço, mas já é tão natural para mim que acho que todo mundo sabe fazer. Daí um dia passei por um professor que dizia: Nossa, a Jô ajudou uma aluna que estava brigando muito dentro da sala de aula e descobriu os "porquês" dessa briga.

 

Bom, na verdade eu fiz um trabalho e orientei essa aluna, que conseguiu se entender, se aceitar e dar continuidade no curso.

 

Qual o papel do psicólogo dentro de um ambiente acadêmico, em especial aqui no IFB?

Então, eu acredito que o trabalho do psicólogo aqui ou em outro ambiente escolar é o de tomar consciência. Muitas vezes o aluno chega na sala de aula  e se sente ameaçado, se sente de alguma forma mal. Aqui o aluno tem abertura para falar. É o espaço para ele parar, pensar e sair mais tranquilo.

 

Não tem como você assistir a uma aula, ter a aquisição de conhecimento teóricos e práticos com o comportamento ambíguo. Esse local aqui de confiança, de sigilo, de poder trocar, falar e ter um direcionamento é muito importante.

 

Como você analisaria a desigualdade entre a mulher e o homem na sociedade de hoje?

A sociedade é machista, mas também é patriarcal, ainda tem aquela coisa do prover. Mas hoje em dia vejo que existem muitas mulheres com perfis masculinos, de independência, de prover a casa, de lutar.

 

Acredito que na verdade o equilíbrio está em cada mulher ser um pouco masculino e cada homem ser um pouco feminino. Querendo ou não é a combinação das características ditas masculinas e femininas, na verdade público e privado, como prefiro falar. Características masculinas são aquelas mais ligadas ao público: a independência, falar e se relacionar com o público. Já as características ditas femininas, que eu chamo de privado, é a sua privacidade, a sua vida profissional, cuidar de casa, cuidar da família, cuidar do seu e do seu interior.

 

É a diferença do que é perfeito e o que é completo. O completo abarca a imperfeição, assim como masculino abarca o feminino, ou então o público abarca o privado. Não tem como você dar uma palestra se você não está bem em casa, vai dar com o coração apertado. Os dois precisam ter essa junção.

 

Qual mensagem você deixaria para as mulheres, que assim como você, enfrentam vários desafios diariamente?

Ainda há lutas e direitos a conquistar, mas lembrem-se sempre que um lado seu público, precisa de um privado. E não é somente as mulheres que sofrem na sociedade patriarcal e machista. Os meninos também sofrem, porque eles não podem brincar de boneca, não podem usar rosa, nós mulheres podemos usar azul.

 

É pensar assim: 8 de março é o Dia Internacional da Mulher, teve a luta, os direitos conquistados e teve toda a história. Mas todo mundo luta por alguma coisa e quem está lutando são mulheres, são homens, que precisam da completude e não só da perfeição que todo mundo quer. Então é a parte boa e a parte má. Que aí dá certo, faz o ciclo. Porque a gente só pode ficar feliz quando a gente conhece a tristeza.

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