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“Depois que descobri que meu filho é autista, me sinto mais humana, de verdade”

Criado: Sexta, 01 de Abril de 2016, 09h29 | Publicado: Sexta, 01 de Abril de 2016, 09h29 | Última atualização em Terça, 05 de Abril de 2016, 08h32 | Acessos: 4102

Professora do Campus São Sebastião do Instituto Federal de Brasília (IFB), Ana Paula Beserra teve uma virada em sua vida há quatro anos, quando começou a perceber que seu primeiro filho, Mateus, era um pouco diferente das outras crianças que ela conhecia.

“Já antes de completar dois anos, eu chamava e ele não reagia e não pronunciava nenhuma palavra. Percebia, também, alguns comportamentos peculiares ”, conta a professora que não hesitou em correr para a internet e fazer pesquisas sobre atraso na fala. “Conversei com a pediatra e ela disse que era coisa da minha cabeça, mas eu continuei pesquisando até que me deparei com um vídeo que um pai gravou de um filho mostrando como era o comportamento de um autista em casa e ele tinha exatamente o comportamento que o Mateus tinha. Aí foi um choque, afinal, eu não sabia nada sobre o autismo”.

E é justamente para responder questionamentos como esse e conscientizar a população sobre o tema, que o dia 2 de abril foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Dia Internacional da Conscientização do Autismo.

Segundo a pedagoga e psicóloga Carmen Lydia Trunci, o Transtorno de Espectro Autista (TEA) é uma disfunção global de desenvolvimento que afeta, principalmente, a capacidade de comunicação do indivíduo, além de trazer dificuldades para interagir socialmente e ser marcado por um padrão de comportamento restritivo e repetitivo. “São comportamentos que muitas vezes podem ser confundidos com vontade de chamar atenção, falta de educação ou até mesmo birra”, explica.

Mas, para entender, de verdade, o que é o transtorno, Ana Paula levou um bom tempo. “Demorei um ano para achar um médico que concordasse comigo. Procuramos um otorrino e em cinco neurologistas para ouvir que o Mateus realmente tinha autismo. É bem complicado, pois não existe um exame para detectar, é apenas pelo comportamento”, conta a professora.

 

Tratamento

Assim como Mateus, a ONU estima que mais de 70 milhões de pessoas possuem o transtorno em todo o mundo. “Geralmente, os sinais aparecem antes da criança completar três anos de idade e, em função da variedade de sintomas, cada criança deve receber um tratamento personalizado”, explica a especialista Carmen.

O Mateus iniciou acompanhamento no Programa Educação Precoce, do Governo do Distrito Federal, e depois foi para o maternal. Hoje ele faz fonoterapia, psicoterapia, terapia ocupacional e equoterapia. Mas, para Ana Paula, o tratamento dos autistas, no Brasil, ainda tem muito o que melhorar. “As políticas públicas são muito lentas. Os pais que podem custear uma equipe multidisciplinar conseguem ter um desenvolvimento significativo, mas os que não podem, ficam à mercê”.

 

Conscientização

Após ter o caso de autismo confirmado na família, Ana Paula foi se aprofundando cada vez mais sobre o tema e acabou conhecendo o Movimento Orgulho Autismo Brasil (MOAB). Hoje, a professora faz parte da atual diretoria do movimento que reúne pais e familiares de autistas, trocam experiências, lutam por políticas públicas e pela aplicação das leis já existentes.

Há dois anos, Ana Paula teve seu segundo filho, Miguel. “A vinda do Miguel foi muito benéfico para o Mateus e para a gente, porque nós tiramos atenção total em cima dele, querendo que ele desenvolvesse, e o irmão também acabou o ajudando muito”.

Apesar de todas as dificuldades e, principalmente, o preconceito que ainda está enraizado na sociedade, Ana Paula acredita que ter um filho autista ajudou a transformá-la em um ser humano melhor. “Geralmente a gente foca muita no nosso problema, no problema da nossa família e, depois que descobri que meu filho é autista, comecei a ouvir mais o outro, ser mais sensível às outras causas, às minorias como um todo. Hoje, eu me sinto mais humana, de verdade”, finaliza.

Informe-se sobre o autismo. Acesse a Cartilha dos Direitos da Pessoa com Autismo da OAB.

 

2 de abril

Nos próximos dias, estão sendo organizadas atividades para reforçar a importância da data. No IFB, entre os dias 4 e 8 de abril, haverá a Exposição Fotográfica Família de Autistas – sob as Lentes de Alegria, que está sendo organizada pela Coordenação de Ações Inclusivas da Pró-Reitoria de Extensão. Veja, abaixo, mais informações sobre essa e outras atividades.

 

Exposição Fotográfica Família de Autistas – Sob as Lentes da Alegria

De 4 a 8 de abril

Hall de entrada da Reitoria do IFB

 

Carreata de Conscientização do Autismo (traga balões azuis com gás hélio que serão soltos no encerramento)

2 de abril, às 9h

Concentração em frente ao TJDFT, Eixo Monumental

 

Contação de História Especial para Autista e Lançamento do Livro “Especial Mente Azul”, de Viviani Guimarães

2 de abril, às 16h

Terraço Shopping

 

Autista no Circo “Sessão Especial no circo para autistas”

3 de abril, às 16

Circo Real Português, Rua 35 Sul. Av. Araucárias, Águas Claras

 

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