Projeto do IFB é finalista do Movimento LED
Transformação iniciada em 2017 a partir do projeto de Ensino “IFB em Transição” no Curso Técnico em Eventos Integrado ao Ensino Médio ficou entre os 15 finalistas de mais de 3400 projetos inscritos no prêmio.
Aprender por aulas em sua turma, série ou ano, um mesmo conteúdo escolhido pelo professor de uma disciplina fragmentada, sem relação com todas as outras, no mesmo ritmo de outros 30 alunos — será que isso assegura de fato a aprendizagem de nossos estudantes? Essa pergunta fez com que um grupo de 10 professores começasse a questionar, em 2017, a estrutura educacional instrucionista. O resultado dessa busca por novas formas de educar que garantam o direito à educação no Ensino Médio Integrado a Eventos fez com que o projeto “IFB em Transição” virasse um dos cinco finalistas na categoria “Educação Profissional ou Técnica” do prêmio Movimento LED- Luz na Educação.
A professora Jordana Pacheco Eid, coordenadora do curso, explica a escolha do título “IFB em transição” dado ao projeto para a participação no certame: “Não é apenas por ser um título bonito; a escolha reflete como caminhamos até aqui. O curso existe já há cinco anos e desde o primeiro ano ficou claro para nós que teríamos de fazer uma transição lenta, com muita tranquilidade. O curso traz transformações muito grandes na forma como estamos acostumados a pensar e a vivenciar a escola, e isso para todas as pessoas envolvidas: docentes, discentes, famílias, servidores técnicos e gestão. Percebemos que tínhamos de conquistar as pessoas; não podíamos esperar que todo mundo abraçasse de saída toda a transformação com que sonhávamos”.
O curso do Instituto Federal de Brasília, IFB Campus Brasília, passa por um processo de reconfiguração da prática pedagógica desde seu início, quando os professores envolvidos fizeram a formação “Escolas em Transição” da Ecohabitare com o professor José Pacheco. A experiência culminou em um Projeto de Ensino e depois nas tutorias, grupos de 15 a 16 educandos, que são acompanhados ao longo de um ano por um tutor escolhido por eles. Essa aproximação entre professores e estudantes, desenvolvendo projetos e roteiros de estudos a partir de sonhos, evidenciou o quanto a criação de vínculo é essencial para o sucesso do processo de aprendizagem. A partir dessa vivência, o grupo criou as Assembleias Estudantis, em que os alunos escolhem temas que gostariam de aprender ao longo do bimestre/semestre, e os professores, em duplas, organizam-se para ofertar oficinas a partir desse interesse. Nessas oficinas, a integração começou a sair do papel e a acontecer entre as áreas, no aprender por projetos e a partir de pesquisas.
Uma das oficinas de maior sucesso foi a de “Ciências Forenses”, quando os professores de química, biologia e física se reuniram para abordar os temas criminologia, medicina legal, genética, toxicologia, balística, entre outros, para ensinar os alunos a desvendar crimes e encontrar provas. Nesse processo, a parte técnica do Curso de Eventos também passou a atuar de forma integrada. Os professores, em duplas, oferecem oficinas de eventos sociais, culturais, corporativos, esportivos e técnico-científicos e realizam projetos de eventos reais ao longo de um semestre. “O IFB fez uma grande revolução na minha vida. Até entrar nesta escola não tinha vontade de estudar. Lá descobri que aprender pode ser interessante, lá o aprendizado é leve e dinâmico”, explica Iacy Mesquita, atriz e ex-aluna do curso.
O Plano Pedagógico do Curso Técnico em Eventos Integrado ao Ensino Médio está em revisão para que, em 2023, o curso seja realizado em ciclos e baseado na metodologia de trabalho de projetos. Nesse processo de revisão, a equipe sentiu a necessidade de produzir o próprio sistema de gerenciamento educacional, uma vez que a proposta de turmas não seriadas e de avaliação por objetivos de aprendizagem não é possível ser adequadamente realizada no sistema atual. Há um ano, está sendo desenvolvido o aplicativo INOVA IF em parceria com o Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), Campus Avançado Uberaba Parque Tecnológico, para atender às necessidades do curso e ser replicado em todos os Institutos Federais.
Atualmente, o EMI Eventos funciona com dois dias não seriados — os estudantes são agrupados por interesse em oficinas e tutoria. Os outros três dias ocorrem de forma seriada, como nas demais escolas. “O nosso projeto busca uma mudança de paradigma: abandonar o instrucionismo para adotar o paradigma da aprendizagem, do aprender por meio das relações, no seu ritmo e a partir do seu interesse e, assim, desenvolver autonomia para transformar a comunidade”, reforça Alice Watson, professora do curso que fez a inscrição do projeto na premiação representando a equipe envolvida.
Para saber mais sobre o prêmio, conhecer as 15 iniciativas finalistas e acompanhar a etapa final, basta acessar o site http://www.movimentoled.com.
Redes Sociais