Ir direto para menu de acessibilidade.
Portal do Governo Brasileiro
Portuguese Portuguese
pt Portugueseen Englishes Spanish
Página inicial > Espaço do/a Estudante > Notícias > No Dia do Artesão, conheça a história, os talentos e as obras de Edinar Gomes
Início do conteúdo da página

No Dia do Artesão, conheça a história, os talentos e as obras de Edinar Gomes

Criado: Terça, 19 de Março de 2024, 07h36 | Publicado: Terça, 19 de Março de 2024, 07h36 | Última atualização em Terça, 19 de Março de 2024, 08h14 | Acessos: 578
imagem sem descrição.

Nesta terça-feira, 19 de março, data em que se celebra o Dia do Artesão, conheça a história, os talentos e as obras de Edinar Gomes.

Por meio de suas mãos e do papel machê, a artista cria obras que representam histórias de luta e superação da mulher negra, os traços e características dos seus ancestrais africanos, além de valorizar elementos de suas raízes mineiras e do cerrado brasileiro.

Edinar é estudante do curso Técnico em Artesanato, na modalidade Proeja (Programa de Curso Técnico junto com o Ensino Médio para Jovens e Adultos), no IFB Campus Taguatinga.


Quem é Edinar?

Sou Edinar Valeriano Gomes, nascida em Minas Gerais, na cidade de Montalvânia, em 30 de novembro de 1967. Sou casada com Luiz Carlos Gomes, mãe de dois filhos: João Paulo e Vitor Gabriel. 


Primeiros contatos com o artesanato.

Na minha infância, em Montalvânia, mais precisamente na Vila Janaína, lugar de matas e rios cativantes e de muita inspiração, eu convivi com várias artistas e artesãs: 

Minha mãe era costureira e ela mesmo confeccionava as nossas roupas. As minhas e de meus quatro irmãos, à época. Roupas que, muitas vezes, eram feitas de aproveitamento de retalhos e sobras doadas. Às vezes, eu não gostava, mas era o que ela tinha de melhor a nos oferecer. 

Minha vó fiava e bordava e eu ficava por horas vendo aquele movimento de seus pés e mãos, naquela roda de fiar, e ficava intrigada como aquele bolo de algodão ia se tornando uma linha, e a linha virava uma manta, uma toalha ou até mesmo bordados.

Minhas tias faziam os seus próprios adornos para os cabelos, os forrinhos das prateleiras, e outras coisas mais. 

Diante de tantos saberes, a minha trajetória não poderia ser outra. 

Na minha adolescência, eu transformava as minhas roupas e sapatos e cada festa era um “flash”. 

Na década de 90, quando dei o meu primeiro ponto para o artesanato, conheci o tricô e o crochê, e, foi aí, que eu compreendi que tudo que elas faziam e criavam era artesanato. Elas eram verdadeiras artesãs.  

Hoje, assim como elas, repasso esses conhecimentos a outras mulheres. O que só engrandece meu amor pelo artesanato.

  

Florescimento como artesã

Meu florescimento mais intenso como artesã veio mais tarde, quando tive contato com as técnicas do papel machê e nessa arte me encontrei. Por meio do papel machê, que tem todo o contexto da sustentabilidade consciente, desenvolvo peças únicas. Essa técnica tem sido minha paixão. 

Com estudo, testes e aprimoramento desenvolvi ao longo dos anos mais autonomia e me capacitei ao ponto de poder oferecer aos meus clientes peças belas e duráveis. Dar vida às minhas esculturas é mergulhar no meu interior e deixar fluir a imaginação e a autenticidade artística. Desse mergulho, deixo fluir a história de luta e superação da mulher negra. 

As minhas criações mais notáveis são as que contêm traços e características dos meus antepassados africanos. Toda a beleza e a força do povo africano, que corre nas minhas veias, ficam óbvias em minhas criações. 

 

 

 

Encontro com o IFB

Quando eu morava em Samambaia, eu passava em frente ao IFB de lá todos os dias quando ia para o trabalho. E sempre que eu passava eu sonhava em um dia fazer um curso pelo IFB. Esse era o meu sonho.

Meu esposo, pesquisando na internet os cursos oferecidos pelo IFB se deparou com a chamada para o Curso Técnico em Artesanato, comentou e me incentivou a tentar cursar. Fiquei muito feliz só com a notícia, pois sequer sabia que existia Curso Técnico em Artesanato.

Vi também ali uma oportunidade de voltar a estudar, pois já era um desejo de longo tempo. E hoje, aquele sonho de estudar no IFB, está sendo realizado. 

 

Novos aprendizados

Hoje estou cursando o quarto semestre e me vejo em um curso que só tem somado a minha arte, pois estou tendo a oportunidade de conhecer e aprender temas voltados a área do artesanato que eu não conhecia e me surpreendi com a formação e o nível de conhecimento dos professores.

Novos sonhos

A previsão da minha formatura é para o final do primeiro semestre de 2025. E, depois, que venha a faculdade de Artes Plásticas ou Belas Artes. 

Está sendo muito gratificante voltar a estudar. Tenho muito a agradecer ao IFB por me proporcionar esta oportunidade de voltar a sonhar com um curso Superior.

Prêmios e Exposições

No final do ano passado, tive a oportunidade de participar do Prêmio Brasília de Artesanato, organizado pelo Sebrae. Concurso muito acirrado, no qual, com muita  alegria, conquistei o  primeiro lugar. Graças ao aprendizado e aos conhecimentos adquiridos no decorrer do curso, muito contribuíram para a conquista deste prêmio 

No ano passado também ganhei uma exposição na Cidade Ocidental,  intitulada "Jóias Goianas”. Participei de exposição no Salão Negro, no Congresso Nacional, e também tive o prazer de conhecer e adquirir conhecimento na Feira Nacional de Artenato, no Expo Minas, em Belo-Horizonte-MG, por meio de um projeto do IFB.

Vida de Artesã

São muitos os sentimentos que se tem quando se escolhe a arte como profissão.

Eu comecei na minha vida de artesã na década de 90 com o tricô e o crochê e depois passei por várias técnicas do artesanato, sempre na busca do reconhecimento e de uma renda adequada.

Já ouvi muitos artesãos dizerem que formou filhos com artesanato, mas eu não via isso acontecer em minha vida e, por isso, muitas vezes pensei em desistir, mas o amor pela arte e a determinação de vencer com artesã e artista era maior que os espinhos.

Há oito anos comecei com o papel machê e hoje é minha paixão. Nessa arte me permito voar. Criar as minhas esculturas é um processo de relaxamento, de crescimento, de aprendizado, pois com elas eu me realizo tanto como artista quanto pessoa. Nelas, eu trabalho a minha ancestralidade, os traços do povo negro, as minhas raízes em Minas Gerais e as cores e os sabores do cerrado.

Posso dizer que hoje este reconhecimento está chegando depois de muito esforço e determinação. Creio que, o fato da minha matéria prima ser fruto de reaproveitamento e reciclagem, as minhas obras acabaram caindo no gosto popular. Também por carregar elementos da nossa fauna e flora acaba tocando a memória afetiva de muitos. Hoje exponho em feiras, lojas e em outros eventos no DF e fora dele. 

Assim como os livros, a arte nos leva a lugares que não podemos imaginar. 

 

Quem quiser conhecer mais o trabalho da Edinar, pode entrar em contato com a artesã pelo perfil no Instagram: @edinartesgomes.



Dia do Artesão

A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o dia 19 de março como o Dia do Artesão, em homenagem ao padroeiro da categoria, São José, que segundo a tradição cristã, foi carpinteiro e pai de Jesus.

No Brasil, a instituição do Dia Nacional do Artesão ocorreu a partir da Lei nº 12.634/2012, e, em  2015, a profissão foi regulamentada por meio da Lei nº 13.180/2015.

Na lei, a profissão de artesão é definida como “o exercício de atividade predominantemente manual, que pode contar com o auxílio de ferramentas e outros equipamentos, desde que visem a assegurar qualidade, segurança e, quando couber, observância às normas oficiais aplicáveis ao produto".

registrado em:
Fim do conteúdo da página