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Entrevista com Estudante do IFB Campus Brasília

Criado: Quarta, 28 de Junho de 2023, 12h21 | Publicado: Quarta, 28 de Junho de 2023, 12h21 | Última atualização em Quinta, 29 de Junho de 2023, 14h20 | Acessos: 438
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Legenda foto 1: na foto, Daniele Macedo, de vestido branco e adereços de origem indígena. Ela ensaia a coreografia de sua próxima apresentação nas salas de dança do IFB Campus Brasília. Para ela, dançar faz entrar em contato com sua própria identidade, seja enquanto pessoa indígena, seja enquanto pessoa travesti.

Quem vê o sorriso fácil e a personalidade alegre de Daniele Macedo, não imagina a vida agitada pela qual passa a estudante do IFB Campus Brasília. A jovem indígena de 23 anos é agente cultural, ativista política, coreógrafa, intérprete de Libras e graduanda em Licenciatura em Dança. “Nem durmo mais”, brinca a estudante.

Natural do Rio de Janeiro, ela veio para Brasília para dançar balé no Teatro Nacional. Também foi nessa época em que deu início a sua transição de gênero. A bailarina se identifica como travesti, identidade de gênero feminina, diferente daquela designada a ela em seu nascimento. 

Com sua transição, também acompanharam novos desafios. Devido ao preconceito, Daniele foi pedida para retirar-se de sua companhia de balé. Ainda assim, não desistiu do sonho da dança, se matriculando no curso de Licenciatura em Dança do IFB Campus Brasília em 2019. 

Embora trate tudo com muita leveza, a jovem desabafa que, em função de sua identidade de gênero, sente uma pressão de que precisa ser, saber e fazer dez vezes mais que os demais para alcançar o lugar onde está hoje. Sem apoio ou contato da família desde os 11 anos, teve que dar tempo aos estudos para começar a trabalhar.

Com a ajuda de algumas políticas do IFB, como o auxílio permanência para estudantes indígenas e o auxílio de incentivo à tecnologia, e muita determinação, conseguiu retornar à vida acadêmica. Finalmente podendo usufruir das instalações do IFB Campus Brasília, Daniele se encanta com a aceitação que encontrou na instituição. “A estrutura, a liberdade de caminhar… O IFB é muito mais politizado que muitas outras escolas do DF, sobre raça, sobre gênero, sobre classe”, comenta ela.

A estudante admite, porém, que ainda não se pode dizer que não exista preconceito por parte de alguns membros da comunidade escolar. Ela relatou que já foi vítima de transfobia, caso que logo foi resolvido pelo Núcleo de Gênero e Diversidade (NUGED). “A coordenadora me perguntou ‘e aí, o que eu posso fazer por você?’ e eu falei ‘nada, eu só quero que ele me respeite, entendeu?’” 

Esses casos atípicos, no entanto, não desanimam a jovem. Pelo contrário, crê que a mentalidade dos jovens, aliada às políticas de inclusão do IFB, podem ser usadas para criar um espaço de diálogo e conscientização para dentro e fora da instituição:  

“É na educação que tudo muda. A geração mais nova está mais aberta ao diálogo e hoje em dia é mais comum ter contato com pessoas trans e LGBT. E o contato faz perder o medo, sabe? … As pessoas podem ser anti-indígena ou transfóbicas pela falta de conhecimento e pela não vontade de conhecer. Mas eu acredito que ele deva ser propagado.

Daniele integra o NUGED e toda semana oferece dentro do IFB Campus Brasília aulas sobre a cultura Ballroom, movimento artístico e político que traz representações de raça, gênero, sexualidade e cultura periférica. A dançarina diz que visibilizar essas vivências têm tido uma boa recepção entre os alunos, tendo até adquirido um “fã-clube” entre os alunos do ensino médio integrado. 

Legenda foto 2: Perfil de Daniele Macedo, de vestido branco, adereços de origem indígena e unhas com esmalte vermelho. Na foto, ela posa com as mãos em frente ao rosto. Segundo ela, expressar-se com o corpo faz da cultura ballroom, a qual realiza atividades dentro e fora do IFB. 

A jovem reconhece que sua situação é privilegiada, em comparação com a realidade de muitas outras mulheres trans e travestis no Brasil, e o contato com as novas gerações a incentiva a buscar grandes aspirações para o futuro. “Quero formar, fazer mestrado, trabalhar com formação em dança, ser professora de base da educação pública aqui do DF… Quem sabe até futura Ministra da Educação”.

Quando perguntamos se ela retornaria ao IFB na posição de professora, Daniele rapidamente respondeu que “Com toda certeza. O IFB é um lugar que consegue trazer debates, mas ainda precisa saber como. E eu tô no meu direito, e dever, de ajudar.”

E para saber mais sobre o assunto, confira o nosso episódio especial do Estação IFB sobre a Educação anti-LGBTfóbica, nossa matéria sobre as políticas do IFB para a População LGBTQIA+ ou nossa Entrevista com Servidor do IFB Campus Taguatinga. 

 

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