Algumas palavras... sobre espaço pessoal
“Desculpe lá... esse lugar é meu!”
Sabia que ao redor de cada pessoa há um espaço imaginário que faz parte da vida e saúde emocional de cada um? Chama-se Espaço Pessoal.
Esse espaço é uma área ou espaço em volta da pessoa que ela reclama como seu, como se fosse extensão do seu corpo. Entender como se dá tal fenômeno é importante para lidar com as relações sociais.
Esse espaço é constituído de zonas: a zona íntima que é aproximadamente de 15 a 46cm do corpo da pessoa; zona pessoal que é aprox. 46cm a 1,22m; zona social que é aprox. 1,22 e 3,6m e a zona pública que é de aprox. 3,6m para mais.
Pessoas mais íntimas, são autorizadas a entrar na zona íntima, pessoas amigas mas nem tanto, na zona pessoal, na zona social os desconhecidos dentro de um contexto de convivência, como festas, e na pública todo mundo. São limites onde elas podem circular e não gerar reações negativas por parte da pessoa.
Essas zonas sofrem modificações dependendo do gênero e da cultura. Geralmente as mulheres as reduzem, e os homens aumentam essas distâncias.
Porque há pessoas que não gostam de andar em elevadores? Porque em locais públicos muito apertados, muitos se irritam se sentindo invadidos? Assim como no metrô, as pessoas estão simplesmente disfarçando as suas emoções, quando sentem seu espaço ser invadido.
Já pensou porque as multidões se enfurecem? Porque quanto mais pessoas aglomeradas, mais a zona íntima de cada uma é invadida por outros, e assim a sensação de intrusão é conjunta e a multidão como um todo se enfurece. Geralmente quando a polícia tenta contornar, ela tenta separar as pessoas, para que elas se acalmem.
Rituais espaciais são executável por todos, a fim de estabelecer harmonias nas relações. Por exemplo, quando vamos ao cinema, quando possível, procuramos sempre um local médio, nem tão perto nem tão longe dos que ali já estão. No banheiro os homens também procuram lugares cômodos no urinol.
Fatores culturais influenciam as distâncias das zonas: o exemplo dos italianos e dos australianos. Um casal de italianos na Austrália foram acusados de assédio sexual, já que eles se aproximavam muito das pessoas, estabelecendo a zona social deles que é bem menor que a dos australianos, esses já necessitam de mais distância, e achavam que os italianos estavam invadindo suas zonas íntimas.
A zona japonesa é menor do que dos americanos, assim quando se filma um japonês e um americano conversando, o japonês tende a dar um passo a frente e o americano, por sua vez, a dar um passo para trás, para repor sua distância cômoda. Se a filmagem for acelerada, parece que os dois estão dançando valsa pelo salão, sendo que o japonês conduz.
As zonas também sofrem influências se a pessoa é da área rural ou urbana. Pessoas da zona rural tem zonas maiores do que as urbanas. Geralmente em lugares onde a população é escassa, as zonas se espandem, e o inverso também é verdadeiro, quanto mais populoso o local, a zona tende a diminuir.
O espaço pessoal se amplia dentro de um área ou território e tendemos a sentir possuidores desses locais, o sentimento de posse. Por exemplo, a casa, o lugar na sala de aula, um cômodo da casa, enfim, as pessoas demarcam locais como seus e se alguém ocupar sem sua autorização, o sentimento de invasão pode ser gerado. Quem já viu brigas por lugares, algo tão simples mas quem está dentro da briga parece que está profundamente magoado. Pois está com esse sentimento de invasão e não consegue entender e explicar o que está acontecendo.
Além dos lugares ocupados, outra expansão do espaço pessoal é o carro. Quando as pessoas estão dirigindo, elas também limitam um espaço ao redor do carro que o usa como seu, e se algum outro veículo passar por perto, de forma ofensiva, também causa reações de invasão, podendo muitas vezes ocasionar violência no trânsito. Imaginou isso?
Há muitas questões dentro da saúde emocional que passam despercebidas, assim como o espaço pessoal. Explicar, entender e ter consciência de como lidamos com nossa saúde emocional e dos outros é essencial. Podemos começar respeitando nossos limites e tendo empatia para nos colocarmos no lugar do outro, logo a convivência se tornará mais leve e natural.
Bibliografia
Pease, B., Pease, A. (2006). Invasores do espaço – territórios e espaço pessoal. In Pease, B. , Pease, A. Linguagem Corporal. (2a edição). Lisboa: Editorial Bizâncio. -219-236.
Josely Gomes Guimarães
Psicóloga/CDAE-Riacho Fundo
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